A partir de sexta-feira, nasce na Ilha do Sal, Cabo Verde, um novo espaço que promete servir a genuína gastronomia . São 12 os chefs que fazem parte desta associação.
"Vai ser a nossa sede, que terá a primeira biblioteca gastronómica e turística de Cabo Verde e um espaço de restauração", disse à Lusa o secretário-geral da associação, Carlos Morgado.
O restaurante servirá apenas pratos e bebidas de Cabo Verde, com o objetivo de valorizar os produtos locais e dinamizar a gastronomia das ilhas.
"Não existe um restaurante genuinamente cabo-verdiano. Temos uma boa gastronomia", mas é promovida apenas em ocasiões específicas, "como nas festas das cinzas", por altura da Quaresma, e "nós queremos que seja apreciada durante todo o ano", afirmou.
Entre os produtos destacados estão o grogue, o vinho e a cerveja nacionais, além de pratos como xerém, cachupa, entre outros, com pesca local, como o atum.
O espaço pretende dar aos turistas a oportunidade de conhecer melhor a gastronomia cabo-verdiana e, ao mesmo tempo, incentivar a produção local.
A associação, criada em 2023, reúne 12 chefs cabo-verdianos e estrangeiros residentes no arquipélago. Desde então, tem participado em várias iniciativas internacionais, incluindo o festival de enogastronomia de Lanzarote.
"No festival de Lanzarote, ficámos ao nível dos melhores chefs internacionais, tanto na apresentação dos pratos, como na frescura dos produtos. O impacto foi tão positivo que fomos novamente convidados para 2024", exemplificou.
A associação também pretende criar um roteiro gastronómico, promovendo os sabores das diferentes ilhas, além de oferecer formação para profissionais do setor.
"A Escola de Hotelaria e Turismo de Cabo Verde (EHTCV) está a preparar um conjunto de receitas feitas exclusivamente com produtos nacionais, para publicação", adiantou. O responsável afirmou que a gastronomia cabo-verdiana tem potencial para ganhar projeção internacional.
"A cachupa que comemos no dia-a-dia pode ser reinventada, mantendo o sabor, mas com uma apresentação diferenciada. É uma questão de inovação", explicou.
Acrescentou que o país forma muitos chefs, todos os anos, através da EHTCV, mas a maioria acaba por emigrar para Portugal e outros países, em busca de melhores oportunidades.
"Fora do Sal e da Boavista, os rendimentos são muito baixos. No entanto, temos muitos 'chefs' e cozinheiros, com experiência, em grandes hotéis nessas ilhas". Morgado defendeu a criação de um selo de qualidade para classificar os restaurantes e fomentar a concorrência, incentivando os estabelecimentos a oferecerem melhor comida e serviço.
Entre os planos para este ano está o primeiro festival enogastronómico no Sal, previsto para outubro, com a participação de chefs da Macaronésia, região atlântica que inclui também os Açores, a Madeira e as Canárias.
"Queremos reunir os melhores [profissionais do setor] num grande evento e projetar, ainda este ano, uma convenção internacional", concluiu.
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