Existem vários tipos de Pitiríase, mas há uma bem mais frequente. Falamos da Pitiríase Versicolor, que, normalmente, causa alterações na pigmentação da pele.
A causa advém de um fungo chamado Malassezia, mas é comumente designada por 'fungo da praia'.
Em entrevista ao Lifestyle ao Minuto, no âmbito da rubrica O Médico Explica, a dermatologista Marta Ribeiro Teixeira, que trabalha na Clínica Espregueira, no Porto, abordou os sintomas, as causas, e o tratamento desta infeção.
O que é a Pitiríase?
Quando nos referimos à Pitiríase, diz normalmente respeito à Pitiríase Versicolor. Trata-se de uma infeção superficial da pele por um fungo chamado Malassezia. É comumente designada por 'pano branco' ou 'fungo da praia'.
© Marta Ribeiro Teixeira
Quais os diferentes tipos de Pitiríase que existem?
A Pitiríase Versicolor é, de longe, a Pitiríase mais frequente. Existem ainda outros tipos de Pitiríase com etiologia, manifestações e tratamentos completamente distintos. São as seguintes:
Pitiríase Alba - Manchas brancas, raramente descamativas, mais comuns em crianças com atopia ou dermatite atópica. Aparecem muitas vezes no rosto, mas podem aparecer em qualquer parte do corpo. Não necessitam de tratamento. Apenas hidratação e fotoproteção. Tendem a melhorar com o tempo ou regredir;
Pitiríase Rósea de Gilbert - Erupção eczematosa na pele sobretudo do tronco. É característico o aparecimento de uma 'mancha inicial maior', seguida de múltiplas mais pequenas. Pode ser assintomática ou estar associada a prurido intenso. Pensa-se que será uma infeção por um vírus da família do Herpes. É inofensiva e regride espontaneamente ao final de, em média, seis semanas;
Pitiríase Rubra Pilar - Placas e pápulas vermelhas e descamativas nos folículos na pele sobretudo do tronco, mas também no couro cabeludo, palmas das mãos e plantas dos pés. As unhas podem estar afetadas. Requer tratamento dermatológico. É crónica, por vezes muito limitante. Em alguns casos pode ser grave e exigir tratamentos mais complexos.
Tende a aparecer ou agravar durante os meses de verão. A exposição solar faz as manchas ficarem mais evidentes.
Quais os sintomas?
A Pitiríase Versicolor atinge sobretudo zonas como as costas, ombros e peito. Muitas vezes também a nuca, pescoço e abdómen. Causa alterações na pigmentação da pele, com a formação de manchas, com ou sem descamação, que podem ser hipopigmentadas (mais claras) ou hiperpigmentadas (mais escuras). Têm bordos bem-definidos, podendo ser assintomáticas ou associadas a prurido ligeiro.
Não é uma infeção grave, mesmo quando não tratada. Tem sobretudo um grande impacto estético. Tende a aparecer ou agravar durante os meses de verão. A exposição solar faz as manchas ficarem mais evidentes.
O diagnóstico é feito apenas com base na observação das manchas ou existe algum exame?
Na grande maioria dos casos, o diagnóstico é clínico, uma vez que as manifestações clínicas são muito características, o que permite o diagnóstico ao exame físico. Em casos mais raros, em caso de dúvida, podemos recorrer a um exame micológico (microscópico direto ou cultura).
Quais as causas que podem levar à Pitiríase?
A causa da Pitiríase Versicolor é o crescimento excessivo de fungos do género Malassezia. Fatores predisponentes são calor, humidade, seborreia, transpiração e exposição ao sol. Algumas pessoas parecem estar mais predispostas do que outras, pelo que se discute também uma predisposição genética. A transmissão e contágio entre pessoas com infeção ativa parece ser inexistente. Este fungo habita normalmente a pele como colonizador e, por vezes, por motivos ainda não totalmente esclarecidos, invade a pele e causa esta infeção.
Em climas húmidos, a prevalência chega a rondar os 40 por cento.
Existem alguns comportamentos que aumentam o risco de a contrair?
A transpiração excessiva, por exemplo, durante a prática de desporto, não seguida de um duche para retirar o excesso de suor e limpeza adequada da pele, exposição solar, viver em climas húmidos - em climas húmidos, a prevalência chega a rondar os 40 por cento.
Em que consistem os tratamentos?
Na maioria dos casos, na aplicação tópica de antimicóticos na forma de cremes, soluções cutâneas ou champôs. Nos casos de infeções mais extensas, pode estar indicado o tratamento oral. O tratamento deve ser adaptado à extensão da infeção, preferências do paciente e à sua idade. Deve também ser ajustada em caso de gravidez ou amamentação.
É um tipo de doença que pode voltar várias vezes?
Sim, em muitos pacientes tem um comportamento crónico redicivante. Nestes casos, está recomendada uma profilaxia com tratamentos tópicos e o ideal é o aconselhamento com o médico dermatologista.
E qualquer pessoa pode ter?
Sim. E em todas as idades. Mas é mais prevalente na adolescência e idade adulta jovem, devido à maior produção das glândulas sudoríparas e sebáceas.
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