Um simples erro no registo de um recém-nascido, em Nottinghamshire, no Reino Unido, na semana passada, mudou a vida de um casal que teve o seu primeiro filho.
Entre noites mal dormidas e as responsabilidades que um bebé acarreta, Grace Bingham e Ewan Murray não repararam que na certidão de nascimento da menina tinha sido assinalado, por lapso, o género errado da criança - estava indicado que era um menino, de acordo com informações avançadas pelo jornal The Guardian.
"Ficámos horrorizados, mas assumimos que, como demos conta do erro apenas alguns segundos após isto ter acontecido, seria fácil de corrigir", disse o recente pai Murray. "No entanto, e apesar da funcionária do registo e o responsável local dos serviços terem pedido desculpa pelo erro, ao que parece as certidões de nascimento não podem ser retificadas".
A família da menina decidiu apresentar queixa da ocorrência à Conservatória Geral de Registos, responsável por estes assuntos no Reino Unido, mas a entidade afirmou que o erro não podia ser corrigido e alega que a responsabilidade é de quem fornece a informação aos registos.
O Ministério da Administração Interna do governo britânico também se pronunciou sobre o assunto e confirmou que não é possível legalmente emitir uma nova certidão de nascimento para a bebé. Disseram, porém, que o erro poderia ser solucionado com uma emenda na margem do documento original.
Apesar da solução dada, os pais da menina não se conformam com a mesma e dizem não ser suficiente para corrigir o lapso.
"As pessoas a lerem uma certidão de nascimento podem facilmente perder uma pequena nota na margem, o que significa que a Lilah poderá ser considerada um homem quando se candidatar à escola, a um passaporte, a um emprego, para tudo o que requeira que ela mostre a certidão de nascimento", reitera a mãe da menina.
"Mesmo que as pessoas notem essa correção, vão assumir que a nossa filha é transgénero, o que não é um problema se for o que ela deseja ser no futuro, mas esse não é o caso agora", acrescenta.
O advogado dos pais contactou o governo para agendar uma reunião onde possam ser discutidas alterações à lei.
"Há obviamente algo de errado com o sistema. Onde está o senso comum aqui?", refere.
O jornal revela, ainda, que em outubro do ano passado, uma outra bebé foi registada, como sendo do sexo masculino, em Mansfield. Neste caso, contudo, foi feito um pedido para a emissão de uma certidão de nascimento corrigida, ao qual a Conservatória acedeu e a situação foi retificada.
Atualmente, esta opção já não é uma possibilidade, de acordo com o Ministério da Administração Interna.
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