O correspondente da televisão russa em Berlim, Dmitri Volkov, anunciou hoje de manhã em direto que teria de deixar a Alemanha com o operador de câmara por ordem do Governo alemão.
Segudo Volkov, as autoridades alemãs consideram o canal uma ameaça à segurança e um perigoso órgão de propaganda num país onde vivem milhões de falantes de russo.
O canal exibiu parte de um documento do Gabinete de Imigração da cidade de Berlim a informar o jornalista que a sua autorização de residência não seria renovada e que teria de abandonar o país sob pena de expulsão.
Um dos vice-ministros dos Negócios Estrangeiros russos, Alexandr Glushko, disse tratar-se de uma "violação flagrante" dos "princípios fundamentais da comunicação internacional, que incluem o respeito pela liberdade de expressão e o direito de acesso à informação".
Acrescentou que Moscovo considerava o caso como "mais um passo hostil das autoridades alemãs" e que continuará a lutar pelos direitos dos jornalistas russos.
A porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, disse que Moscovo, com base no princípio da reciprocidade, estudará a concessão de acreditações a novos jornalistas da ARD apenas após a reabertura da delegação do Primeiro Canal em Berlim.
As acusações de Moscovo foram desmentidas pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão, que negou ter ordenado o encerramento da delegação da TV russa.
"As acusações russas são falsas. O Governo não fechou o escritório deste canal. Os jornalistas russos podem reportar livremente e sem impedimentos na Alemanha", declarou o vice-porta-voz Christian Wagner.
Wagner disse poder apenas conjeturar que a questão esteja relacionada com questões do direito de residência.
Segundo ele, trata-se de uma competência delegada aos estados federais alemães, que neste caso decidem sobre a matéria com total independência do Governo federal.
Berlim não esclareceu, no entanto, se foi recusada aos dois jornalistas russos a prorrogação das autorizações de residência.
Relativamente ao anúncio pela Rússia da expulsão de dois jornalistas da ARD, Wagner referiu que se a informação se confirmar, o Governo alemão irá protestar "nos termos mais enérgicos".
Wagner disse que o Governo está em contacto estreito com a imprensa alemã em Moscovo, também devido à preocupação com as ações "muito veementes" da Rússia contra jornalistas, da qual os correspondentes estrangeiros também não estão isentos.
Lembrou que o Primeiro Canal está sujeito a sanções da União Europeia desde dezembro de 2022, na sequência da invasão russa da Ucrânia.
As sanções limitam-se à proibição de emissão na Europa, e não à atividade dos seus correspondentes, acrescentou.
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