Human Rights Watch insta países a impedir o fecho da UNRWA em Jerusalém

O diretor da Human Rights Watch (HRW) da ONU, Louis Charbonneau, apelou hoje aos governos que tornem claro a Israel que o mundo não permitirá o desmantelamento de escritórios da agência de refugiados palestinianos (UNRWA) em Jerusalém.

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© JAAFAR ASHTIYEH/AFP via Getty Images

Lusa
29/01/2025 00:01 ‧ ontem por Lusa

Mundo

UNRWA

"Os governos devem deixar claro às autoridades israelitas que o mundo não permitirá que liquidem os direitos dos refugiados palestinianos. Devem apoiar os esforços para responsabilizar as autoridades israelitas pela fome dos civis palestinianos em Gaza como arma de guerra", afirmou em comunicado.

 

Charbonneau afirmou que Israel não só tem impedido "sistematicamente" a agência de fornecer aos civis em Gaza alimentos, água, medicamentos e abrigo adequados, "como tem atacado os locais" onde se encontravam os "trabalhadores humanitários", matando um grande número deles.

Charbonneau recordou ainda que a ONU é "a única organização humanitária com capacidade para prestar ajuda em grande escala aos palestinianos em Gaza", pelo que os líderes da ONU devem opor-se ao encerramento da agência e garantir que "chegue a Gaza a maior quantidade possível de ajuda que salve vidas".

As declarações de Charbonneau surgem horas depois de o embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, ter dado 48 horas à UNRWA para evacuar os seus centros em Jerusalém, em conformidade com uma lei israelita que proíbe a agência de prestar serviços no território do Estado hebreu.

Esta lei, aprovada no ano passado, proíbe a UNRWA de prestar serviços em território israelita, incluindo Jerusalém Oriental, onde vivem mais de 300.000 palestinianos que não gozam dos mesmos direitos que os outros cidadãos israelitas (não podem votar, por exemplo, nas eleições nacionais).

Israel acusa a UNRWA de ter ligações com o Hamas, embora até à data só tenha apresentado provas ad hoc contra alguns trabalhadores.

Também o líder da UNRWA, Philippe Lazzarini, expressou hoje que reduzir as operações da agência "prejudicará o cessar-fogo e sabotará a recuperação e a transição política de Gaza. A implementação completa da legislação do Knesset [parlamento israelita] será desastrosa. Em Gaza, comprometerá a resposta humanitária internacional e (...) só piorará as condições de vida já catastróficas de milhões de palestinianos".

O representante da ONU mencionou a presença de "outdoors" e anúncios que acusando a UNRWA de terrorismo e que "apareceram recentemente em grandes cidades ao redor do mundo. Eles foram pagos pelo Ministério das Relações Exteriores de Israel", apontou.

"O absurdo da propaganda anti-UNRWA não diminui a ameaça que ela representa para a nossa equipa, especialmente aqueles que estão na Cisjordânia ocupada e em Gaza - onde 273 dos nossos colegas foram mortos", acrescentou Philippe Lazzarini.

Desde outubro de 2023, quando começou a guerra em Gaza, a UNRWA foi responsável pela entrega de dois terços de toda a assistência alimentar ao enclave palestiniano, forneceu abrigo a mais de um milhão de pessoas deslocadas e vacinou um quarto de milhão de crianças contra a poliomielite, explicou Lazzarini.

De acordo com os dados do Ministério da Saúde palestiniano recolhidos pela organização, pelo menos 47 161 pessoas foram mortas e 111.166 ficaram feridas desde 07 de outubro de 2023. Dos mortos, 13.319 eram crianças e 786 tinham menos de um ano de idade.

Leia Também: Guterres recorda obrigação de Israel de prestar assistência à UNRWA

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