Há 78 anos, os cientistas criaram um relógio, denominado de Relógio do Juízo Final (Doomsday Clock , em inglês), como forma simbólica de ver o quão perto a humanidade está de uma eventual catástrofe. Todos os anos, os cientistas aproximam ou afastam os ponteiros da meia-noite, em função dos acontecimentos mundiais e da probabilidade de uma catástrofe nuclear.
Esta terça-feira, o relógio foi colocado a 89 segundos da meia noite, o mais perto que alguma vez esteve na sua história.
O que significa?
"O Relógio do Juízo Final tem como propósito iniciar uma conversa mundial acerca das ameaças existentes que mantêm os melhores cientistas do mundo acordados durante a noite. Os líderes devem começar a discutir sobre os riscos globais antes que seja demasiado tarde. Refletir sobre estas questões de vida ou morte e iniciar um diálogo é um dos primeiros passos para que o relógio se volte a afastar da meia-noite", disse Daniel Holz, presidente do Conselho de Ciência e Segurança do Boletim dos Cientistas Atómicos e professor universitário.
De acordo com uma nota de imprensa publicada no site do Boletim dos Cientistas Atómicos (SASB), pode ler-se que o tempo deste relógio é definido pela organização dos cientistas e que, desta vez, os ponteiros moveram-se tendo em conta os seguintes fatores: armas nucleares, crise climática, inteligência artificial, doenças infecciosas e conflitos na Ucrânia e no Médio Oriente.
A última vez que os ponteiros do Relógio do Juízo Final se alteraram foi em janeiro de 2023. Na altura, estava a 90 segundos da meia noite.
O Nobel da Paz, Juan Manuel Santos disse que o relógio se está a "mover num momento de profunda instabilidade global e tensão geopolítica", apelando a "todos os líderes" que "agora é o momento de agir juntos".
"As ameaças que enfrentamos só podem ser enfrentadas através de uma liderança ousada e numa parceria em escala global. Cada segundo conta. Cada segundo conta", afirmou.
A situação atual é pior do que em 1953, quando o relógio marcou dois minutos para a meia-noite, durante uma das fases mais tensas da Guerra Fria, quando tanto os soviéticos como os norte-americanos realizaram os seus primeiros testes de armas termonucleares.
O Boletim dos Cientistas Atómicos foi criado em 1945 por Albert Einstein, J. Roberto Oppenheimer e por cientistas da Universidade de Chicago. Dois anos depois, a organização criou o Relógio do Juízo Final para transmitir as ameaças feitas pelo homem à existência humana e ao planeta.
O Relógio tornou-se um indicador, universalmente reconhecido, da vulnerabilidade do mundo a uma possível catástrofe mundial.
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