"Há vozes que dizem que a Europa poderia dar garantias de segurança sem os norte-americanos e eu digo sempre que não. As garantias de segurança sem os Estados Unidos não são verdadeiras garantias de segurança", defendeu Zelensky numa entrevista ao jornal britânico 'The Guardian'.
O novo Presidente dos EUA, Donald Trump, tem reiterado a sua intenção de acabar com a guerra na Ucrânia, que dura há quase três anos, mas os mais céticos temem que em causa esteja um acordo para obrigar Kyiv a ceder às exigências do Presidente russo, Vladimir Putin.
Zelensky manifestou-se disposto a negociar desde que a Ucrânia esteja numa "posição de poder", sugerindo que iria tentar manter Trump do seu lado ao oferecer-lhe contratos lucrativos de reconstrução e concessões de investimento a empresas norte-americanas.
"Aqueles que nos estão a ajudar a proteger a Ucrânia terão a possibilidade de a renovar com as suas empresas, em conjunto com empresas ucranianas. Estamos prontos para falar sobre todas estas coisas em pormenor", acrescentou.
Numa entrevista à cadeia 'Fox News', Trump declarou que, em troca da ajuda à Ucrânia, quer ter acesso prioritário a minerais de "terras raras" num país com as maiores reservas de urânio e titânio da Europa.
Em resposta, Zelensky afirmou hoje que "não é do interesse dos Estados Unidos" que estes minerais acabem nas mãos dos russos e sejam potencialmente partilhados com a Coreia do Norte, a China ou o Irão.
"Não estamos a falar apenas de segurança, estamos a falar de dinheiro. Recursos naturais valiosos dos quais podemos oferecer aos nossos parceiros possibilidades que não existiam antes para investirem... Para nós, vai criar empregos, para as empresas norte-americanas vai criar lucros", argumentou.
Questionado sobre um possível encontro com Trump, Zelensky garantiu que "ainda não há data", embora as equipas de ambos os líderes estejam a trabalhar para acertar as agendas.
Estas declarações surgem a poucos dias da Conferência de Segurança na cidade alemã de Munique, que começa na sexta-feira e onde Zelensky deverá reunir-se com o vice-presidente norte-americano JD Vance, um dos elementos mais hostis da Administração Trump em relação à guerra na Ucrânia.
No seu discurso noturno à nação, o presidente ucraniano afirmou-se pronto para se reunir com representantes da administração Trump.
"Estou pronto para reuniões com representantes dos EUA e para negociações em vários níveis que ocorrerão em breve", adiantou.
Donald Trump anunciou hoje na sua rede social Truth que o secretário do Tesouro, Scott Bessent, se deslocará em breve à Ucrânia para se reunir com Zelensky.
"Esta guerra DEVE e VAI TER UM FIM RÁPIDO - demasiada morte e destruição", escreveu o republicano na sua mensagem.
"Os Estados Unidos gastaram MILHARES DE MILHÕES de dólares, com poucos resultados", acrescentou.
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