Cartum afirma que os Emirados Árabes Unidos são "cúmplices do genocídio dos Massalitas (uma comunidade no Sudão) devido às suas diretivas e ao seu considerável apoio financeiro, político e militar à milícia rebelde FSR", indicou hoje o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) em comunicado.
Os Emirados Árabes Unidos, que negam reiteradamente que prestem apoio às RSF, reagiram à apresentação da queixa, classificando-a de um "cínico golpe publicitário".
"Este recente pedido (...) não passa de uma cínica manobra publicitária destinada a desviar as atenções", declarou hoje um responsável dos Emirados num comunicado enviado à AFP.
"Os Emirados Árabes Unidos vão pedir a rejeição imediata deste pedido infundado", acrescentou a fonte citada pela agência noticiosa francesa.
As autoridades sudanesas ligam os Emirados aos crimes desde, pelo menos, 2023, ano do início da guerra civil sudanesa na luta pelo poder entre o exército e as RSF.
As autoridades sudanesas pedem ao TIJ medidas provisórias até à análise completa do processo.
Desde o início do conflito, o exército sudanês divulgou provas que tentam mostrar as alegadas ligações dos Emirados com as RSF, alegando também a conivência do Chade, país com o qual a região do Darfur faz fronteira.
No comunicado divulgado hoje, o Tribunal Internacional de Justiça declarou que o caso do Sudão, apresentado na quarta-feira, diz respeito a atos alegadamente perpetrados pelas Forças de Apoio Rápido e milícias aliadas, incluindo "genocídio, assassínio, roubo de bens, violação, deslocação forçada, invasão, vandalismo de propriedades públicas e violação dos direitos humanos" contra o povo Massalit.
A guerra civil sudanesa iniciou-se em 15 de abril de 2023 e opõe as forças armadas governamentais às RSF.
As duas partes beligerantes são acusadas de crimes de guerra, num conflito que, segundo a ONU, já provocou a morte de mais de 24 mil pessoas e expulsou mais de 14 milhões de pessoas - cerca de 30% da população - das suas áreas de residência.
As Nações Unidas classificam a situação no Sudão como sendo a mais grave tragédia humanitária contemporânea, com cerca de 3,2 milhões de sudaneses a procurarem refúgio nos países vizinhos.
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