Pausa na ajuda? Enviado de Trump diz que ucranianos "estavam a pedi-las"

O enviado especial do Presidente norte-americano à Ucrânia e à Rússia declarou hoje que a suspensão da ajuda militar e de informações de Washington já está a ter impacto na Ucrânia, comentando que os ucranianos "estavam a pedi-las".

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© Kacper Pempel/Reuters

Lusa
06/03/2025 21:04 ‧ há 2 horas por Lusa

Mundo

Ucrânia

"A melhor maneira de descrevê-lo é dizer que é como bater com uma tábua no focinho de uma mula", disse o tenente-general na reserva Keith Kellogg, num evento do Conselho de Relações Externas, acrescentando: "Conseguimos chamar a atenção deles".

 

Segundo o responsável, a Ucrânia foi "bem avisada" pela Casa Branca antes de o Presidente norte-americano, Donald Trump, ordenar esta semana uma pausa na assistência militar dos Estados Unidos e na partilha de informações com Kyiv.

O Governo republicano anunciou a suspensão esta semana, depois de a reunião de sexta-feira passada entre Trump e o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na Sala Oval da Casa Branca, aberta à comunicação social, se ter transformado numa sessão pública de insultos e ameaças de Trump ao homólogo ucraniano, com o vice-presidente norte-americano, JD Vance, a juntar-se ao Presidente nas acusações de desrespeito e ingratidão dirigidas ao seu convidado.

Kellogg disse que ficou claro para os ucranianos, antes da reunião de sexta-feira passada na Sala Oval, que as conversações se centrariam na assinatura de um acordo importante sobre minerais.

O acordo, que as duas partes ainda não assinaram, daria aos Estados Unidos acesso a depósitos de terras raras na Ucrânia que seriam valiosas para a indústria aeroespacial, de veículos elétricos e indústria médica norte-americana.

Responsáveis do Governo Trump afirmaram que o acordo económico aproximaria os Estados Unidos e a Ucrânia e faria com que o Presidente russo, Vladimir Putin, pensasse duas vezes antes de considerar uma ação maligna contra a Ucrânia no futuro.

Zelensky vinha pressionando a Casa Branca para lhe dar garantias explícitas de segurança, sem êxito.

De acordo com Kellogg, as conversações de sexta-feira passada correram mal, porque Zelensky pressionou Trump - que está a tentar desempenhar o papel de intermediário para mediar a paz entre a Ucrânia e a Rússia - a ficar do lado de Kyiv.

Zelensky abandonou na sexta-feira prematuramente a Casa Branca, após um confronto verbal com Donald Trump na Sala Oval, em que o Presidente norte-americano, erguendo a voz, ameaçou o seu convidado de "abandonar" a Ucrânia se este não fizesse concessões à Rússia.

"Ele pode voltar quando estiver pronto para a paz", disse Donald Trump numa mensagem publicada na sua rede social, Truth Social, logo a seguir à saída precipitada do homólogo ucraniano.

A assinatura do acordo sobre os minerais, hidrocarbonetos e infraestruturas ucranianas, para o qual o chefe de Estado da Ucrânia se tinha deslocado a Washington, não se realizou, nem a conferência de imprensa conjunta que estava prevista no final do encontro.

Trump acusou também Zelensky, que ali estava igualmente em busca do apoio de Washington, após três anos de guerra com a Rússia, de ter "faltado ao respeito aos Estados Unidos" na Sala Oval, sublinhando que os Estados Unidos deram à Ucrânia muito dinheiro e que ele "devia estar mais grato".

Numa cena de tensão sem precedentes, que se prolongou por vários minutos e que envolveu também o vice-presidente norte-americano, JD Vance, os três dirigentes levantaram a voz e falaram uns por cima dos outros várias vezes.

Donald Trump criticou em especial Volodymyr Zelensky por "se ter colocado numa posição muito má" em relação à Rússia e disse-lhe que ele "não tinha as cartas na mão", quanto ao desenlace da guerra.

Ameaçou-o, dizendo-lhe "faça um acordo [com a Rússia] ou deixamo-lo ficar mal", e acrescentando que seria "muito difícil" negociar com o líder ucraniano.

"Você está a brincar com a vida de milhões de pessoas. Está a brincar com a terceira guerra mundial (...)", disse-lhe ainda Trump, furioso.

Posteriormente, Zelensky classificou as palavras acaloradas como "lamentáveis" e disse estar pronto para assinar o acordo sobre os minerais.

Mas Kellogg disse não poder garantir a retomada do fornecimento de armamento, mesmo que Zelensky aceite o acordo.

"Isso é com o Presidente", disse Kellogg. E acrescentou: "Não se negoceia conversações de paz em público. Não se tenta desafiar o Presidente dos Estados Unidos na Sala Oval".

Trump declarou, num discurso proferido na terça-feira perante o Congresso, que Zelensky lhe tinha escrito para dizer que agradecia o apoio dos Estados Unidos ao seu país na guerra com a Rússia e que a Ucrânia está pronta para negociar um acordo de paz com a Rússia o mais rápido possível e aceitará o acordo de minerais com os Estados Unidos para facilitar isso.

Embora Trump tenha dito que "apreciou" receber a carta, não se pronunciou sobre se ela afetará ou não a sua política em relação à Ucrânia.

A suspensão da partilha de informações dos Estados Unidos com a Ucrânia prejudicará a capacidade desta para se defender de ataques russos em curso contra alvos militares e civis, segundo uma avaliação do Instituto para o Estudo da Guerra.

O grupo de investigação disse que a suspensão total da partilha de informações de Washington com Kyiv também permitirá às forças russas intensificar os seus ataques à retaguarda ucraniana com 'drones' (aeronaves não-tripuladas) e mísseis, afetando milhões de civis ucranianos e o crescimento da indústria de Defesa da Ucrânia.

Leia Também: Representante de Trump avaliou como positiva conversa com Zelensky

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