"Uma vez que a detenção é arbitrária, vamos remeter o caso para as instâncias da ONU, o Alto Comissariado para os Direitos Humanos, que são responsáveis pela avaliação do caráter arbitrário de uma detenção", declarou o advogado François Zimeray, numa conferência de imprensa em Paris.
"Será um documento de síntese. É o que vamos fazer amanhã [quarta-feira]", acrescentou.
Zimeray já tinha levantado esta possibilidade há três meses, mas não se registou qualquer progresso no caso, continuando Boualem Sansal na prisão sem acesso ao seu advogado.
"Trata-se de instituições altamente técnicas e, por serem altamente técnicas, as suas decisões são respeitadas. Não têm força imperativa, mas têm uma força moral muito grande", afirmou o advogado
"A defesa [de Sansal] é agora impossível. E quando uma defesa é impossível [...] não pode haver um julgamento justo. E se não há um julgamento justo, a detenção é arbitrária", insistiu.
Boualem Sansal tornou-se um tema de tensão entre a França e a Argélia, cujas relações se deterioraram fortemente com o reconhecimento pela França da soberania marroquina sobre o Saara Ocidental em julho de 2024.
"Boualem Sansal é claramente o refém desta relação deteriorada, desta relação em chamas entre a França e a Argélia", disse Zimeray.
Questionado sobre o estado de saúde do seu cliente de 80 anos, disse que não tem notícias há quinze dias.
"A detenção de um homem idoso e doente é, no mínimo, abusiva, Não sabemos sequer qual a evolução do cancro", lamentou Zimeray.
Leia Também: Influenciador argelino condenado por "incitamento a um ato de terrorismo"