Um comboio com cerca de 450 pessoas a bordo foi tomado por militantes separatistas ao início da tarde de terça-feira, no Baluchistão, a maior província do Paquistão. Segundo o mais recente balanço, 190 passageiros já foram resgatados e, um dia depois, alguns recordam o momento de pânico.
O incidente ocorreu quando o Expresso Jaffar, que viajava de Quetta para Peshavar, foi atacado pelo Exército de Libertação do Baluchistão (BLA), que detonou uma bomba para forçar a paragem da locomotiva. Alguns passageiros conseguiram sair e os militantes fizeram reféns os que eram provenientes de outras províncias ou ligados às forças de segurança.
"Sustivemos a respiração durante todo o tiroteio, sem saber o que iria acontecer a seguir", disse Ishaq Noor, um dos passageiros a bordo, à BBC.
O homem, que viajava com a sua mulher e dois filhos, contou que a explosão provocada pela bomba foi "tão intensa" que um dos seus filhos caiu do assento e, quando os militantes começaram a disparar, fizeram de tudo para proteger os filhos. "Se uma bala viesse na nossa direção, iria atingir-nos a nós e não às crianças", frisou.
Já Muhammad Ashraf, que viajava de Quetta para Lahore para visitar a família, contou que "havia muito medo entre os passageiros" e descreveu o ataque como "uma cena do dia do juízo final".
Alguns passageiros foram libertados por militantes do BLA e tiveram de caminhar durante quase horas numa região montanhosa até chegarem à estação seguinte. "Chegámos à estação com grande dificuldade, porque estávamos cansados e havia crianças e mulheres connosco", contou Ashraf.
Fontes de segurança confirmaram esta quarta-feira que foram mortos 30 atacantes e que os combates continuam, realçando que um número indeterminado de "bombistas suicidas se posicionaram com os seus cintos de explosivos entre os reféns". O BLA afirma querer trocar reféns por presos Baluch.
Tudo começou por volta das 13h00 (08h00 em Lisboa) de terça-feira, quando o Expresso Jaffar partiu de Quetta, a capital do Baluchistão, para Peshawar, capital da província vizinha a norte, e foi parado perto de um túnel próximo da cidade de Sibi pela explosão da bomba.
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