"Em meados de dezembro, sabíamos que não seria suficiente e que nunca nada seria suficiente, porque o objetivo era uma revolução colorida", afirmou hoje o Presidente da Sérvia num discurso à nação.
Milhares de pessoas reuniram-se hoje em Belgrado, a capital da Sérvia, na véspera de uma grande manifestação antigovernamental que decorrerá na capital do país, apesar dos avisos oficiais de que se prevê violência e dos alarmes do Governo destinados a dissuadir os manifestantes de comparecerem.
Estudantes universitários têm chegado de todo o país a Belgrado para participarem na manifestação de sábado, à qual se prevê a adesão de dezenas de milhares de pessoas.
O protesto é visto como o culminar de meses de manifestações contra a corrupção no país dos Balcãs e um teste ao Governo de direita do Presidente Aleksandar Vucic, que tem enfrentado um crescente descontentamento popular.
Vucic advertiu que esta mobilização é "ilegal", mas prometeu respeitar o direito dos cidadãos de protestar pacificamente.
"Somos um país claramente democrático", afirmou Vucic, criticando países como a Alemanha e a França de "usarem cassetetes" em contextos semelhantes.
O Presidente sérvio garantiu que os participantes poderão manifestar-se pacificamente, mas que os organizadores terão de enfrentar as consequências legais de terem convocado manifestações sem autorização e os eventuais distúrbios que possam surgir.
"O Estado da Sérvia tomará todas as medidas necessárias para garantir a paz. Aqueles que perturbarem a paz serão detidos e severamente punidos", sublinhou Vucic, que fez um apelo "a todos os cidadãos da Sérvia" para que não provoquem distúrbios.
"Esqueçam esses jogos sobre a rendição da polícia, do exército, essas histórias infantis de revoluções coloridas. É demasiado estúpido", frisou Vucic.
Nos últimos meses, os estudantes e os partidos da oposição têm pedido a demissão do Presidente sérvio, após o colapso do telhado de uma estação de comboios na cidade de Novi Sad, que causou a morte de 15 pessoas e que serviu como meio de expor outras reivindicações da sociedade sérvia.
O Governo tentou pacificar os manifestantes com a aprovação de novas leis ou demitindo altos funcionários, como o primeiro-ministro Milos Vucevic e o ministro da Construção e dos Transportes Goran Vesic.
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