Venezuela expressa apoio a Angola face a "ataques da ultra direita"

A Venezuela expressou apoio às autoridades de Angola depois de o país africano ter sido acusado de negar ou dificultar a entrada a vários líderes políticos para uma conferência internacional, incluindo o ex-presidente da Colômbia Andrés Pastrana.

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Lusa
16/03/2025 06:22 ‧ ontem por Lusa

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Venezuela

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Venezuela, Yván Gil, relatou no sábado, na plataforma de mensagens Telegram, uma conversa telefónica com o homólogo angolano, Tete António, a quem manifestou "a solidariedade (...) do Presidente Nicolás Maduro com o Presidente João Lourenço e com este povo irmão".

 

Gil declarou que Angola tem sido alvo de "ataques da ultra direita internacional", e, "em particular, de criminosos conhecidos na Venezuela e na América Latina", entre os quais mencionou Pastrana.

A Plataforma dos Democratas Africanos (PAD), que integra a Fundação Brenthurst, organizadora de uma conferência internacional sobre democracia, que decorreu em Benguela, condenou as ações do Governo angolano e requereu um pedido de desculpas do Presidente aos políticos retidos e deportados.

Num comunicado divulgado no 'site' da Brenthurst Foundation, a PAD sublinha que a sua terceira reunião decorreu em Benguela na sexta-feira, "apesar de todos os esforços do regime angolano" para impedir a sua realização, apontando "uma campanha sistemática e cínica para atacar e minar o progresso no sentido da democracia e da responsabilização em África por parte de um regime que se apresenta como uma democracia".

A PAD, que se apresenta como um "consórcio internacional de democratas", incluindo a Fundação Brenthurst -- entidade que coorganizou o evento com a UNITA, maior partido da oposição angolana -, recorda que Angola foi escolhida por presidir atualmente à União Africana.

O evento em Benguela, intitulado "O Futuro da Democracia em África", visava debater formas de promover "uma maior abertura e responsabilidade democrática face ao crescente autoritarismo", tendo sido convidados vários ex-chefes de Estado e dignitários, membros do governo e líderes da sociedade civil e dos partidos da oposição.

Entre os que se deslocaram a Angola contam-se Ian Khama, antigo Presidente do Botswana, Moeketsi Majoro, antigo primeiro-ministro do Lesoto, Andrés Pastrana, antigo Presidente da Colômbia, e Othman Shariff, primeiro vice-presidente de Zanzibar, bem como o político moçambicano Venâncio Mondlane.

No comunicado, assinado pelos convidados e participantes da reunião de Benguela, a PAD destaca que o regime responde à reunião recusando vistos "por razões técnicas" a vários delegados, incluindo os do Uganda (um dos convidados seria o líder da oposição Bobi Wine).

Outros 12 que tinham vistos ou eram elegíveis para vistos à chegada foram retidos no aeroporto e deportados antes de serem autorizados a entrar, incluindo convidados do Quénia, Etiópia, Uganda, Tanzânia, Moçambique e Sudão do Sul.

Segundo a PAD, outro grupo, que incluía Khama, Majoro, Pastrana, Othman e 24 outras pessoas, foi detido no aeroporto durante nove horas sem qualquer explicação, tendo os seus passaportes sido devolvidos quando já era demasiado tarde para apanharem o voo previsto para Benguela.

"O Governo alegou que iria compensar estas ações fornecendo transporte para levar os delegados a Benguela no dia seguinte. No entanto, várias viaturas 'avariaram' no caminho para o aeroporto, foram dados vários destinos diferentes e, finalmente, não foi disponibilizado qualquer avião", refere a PAD na mesma nota.

Até ao momento, o Governo angolano não prestou quaisquer esclarecimentos sobre o incidente.

Para a PAD, estas ações "apontam para uma campanha sistemática e cínica para atacar e minar o progresso no sentido da democracia e da responsabilização em África por parte de um regime que se apresenta como uma democracia", já que em nenhum momento foram dadas explicações sobre a detenção ou deportação dos participantes na conferência.

"A verdadeira natureza do regime angolano foi exposta", salienta a PAD, considerando que o regime quis "humilhar e embaraçar antigos chefes de governo africanos e aqueles que desejam discutir a democracia".

Por isso, a plataforma apela "ao Presidente Lourenço para que apresente um pedido público de desculpas aos chefes de Estado detidos, aos delegados deportados e aos que foram perseguidos pelos esforços do seu regime para impedir a reunião".

Leia Também: PSUV realiza assembleias para eleger candidatos às eleições na Venezuela

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