"A transmissão de vozes femininas na rádio, incluindo a transmissão de quaisquer mensagens de mulheres em programas de entretenimento, é estritamente proibida", referiu a ordem emitida pela Direção de Informação e Cultura de Kandahar.
A decisão segue a ordem, emitida em agosto passado, que proíbe as vozes de mulheres afegãs em público em todo o Afeganistão.
Esta é uma proibição sem precedentes na província, que até agora enfrentava restrições à transmissão de vozes femininas, mas ainda podia exibir certos anúncios ou programas produzidos em Cabul que incluíam vozes femininas, informou o Centro de Jornalismo do Afeganistão, em comunicado.
Kandahar é a segunda província, depois de Helmand, no sudoeste do país, a impor uma proibição total e oficial das vozes femininas na rádio.
Os talibãs proibiram ainda a publicidade na rádio de medicamentos, cremes e cosméticos, bem como promoções de clínicas e hospitais, sem autorização oficial da Direção de Saúde Pública.
Atualmente, Kandahar tem 12 estações de rádio, 11 das quais privadas, e nenhum canal de televisão local.
Isto deve-se à decisão publicada no ano passado pelos talibãs de proibir a transmissão de imagens de seres vivos na televisão.
O Afeganistão assistiu ao desaparecimento de mais de metade dos 547 meios de comunicação social que operavam no país antes de agosto de 2021, quando os talibãs voltaram a assumir o controlo do poder.
Muitos jornalistas fugiram do Afeganistão após a ascensão dos fundamentalistas ao poder, sendo que vários dos que ficaram foram ameaçados ou mesmo presos.
A isto somou-se um aumento do número de restrições aplicadas às mulheres, a quem foram restringidos os direitos quase por completo.
De acordo com a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), o Afeganistão ficou em 178.º lugar entre 180 países analisados no 'ranking' da liberdade de imprensa em 2024, à frente apenas da Síria e da Eritreia.
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