"No âmbito desta investigação, (sete) suspeitos, entre os quais o presidente da Câmara da metrópole de Istambul, são acusados de ajudar uma organização terrorista por estarem associados a esta", declarou o governante, confirmando a informação veiculada pela imprensa.
Imamoglu foi detido quando a polícia efetuava buscas na sua casa, tendo a sua mulher, Dilek Imamoglu, afirmado à televisão privada Now que a polícia chegou à sua residência antes do amanhecer e que o presidente da câmara foi levado por volta das 7h30 locais (04h30 de Lisboa).
A agência noticiosa Associated Presse escreveu como a detenção deste popular líder da oposição e principal rival do Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ocorre no âmbito de uma crescente escalada da repressão da oposição e das vozes dissidentes do poder.
Segundo a agência estatal Anadolu, os procuradores emitiram mandados de captura contra Imamoglu e cerca de outras 100 pessoas. Entre os detidos encontra-se o assessor próximo de Imamoglu, Murat Ongun.
As autoridades fecharam várias estradas em Istambul e proibiram manifestações na cidade durante quatro dias, numa aparente tentativa de evitar protestos na sequência das detenções.
A televisão privada NTV tinha avançado que dois autarcas de distritos de Istambul estavam entre os detidos.
Os críticos afirmam que a repressão ocorre depois de perdas significativas do partido no poder de Erdogan nas eleições autárquicas do ano passado e num contexto de repetidos apelos a eleições antecipadas.
Responsáveis do governo insistem que os tribunais funcionam de forma independente e rejeitam as alegações sobre as ações judiciais terem motivação política.
"Estamos a enfrentar uma grande tirania, mas quero que saibam que não vou desanimar", afirmou Imamoglu ao início do dia, num vídeo publicado nas redes sociais.
Uma multidão reuniu-se hoje junto à esquadra da polícia de Istambul, empunhando cartazes do autarca detido e faixas com a sua fotografia à volta dos ombros. Foram entoadas palavras de ordem e ergueram os punhos no ar enquanto a polícia de choque isolava as instalações.
O ministro da Justiça, Yilmaz Tunc, declarou aos jornalistas que as detenções não tinham nada a ver com o governo. "Relacionar as investigações e os processos iniciados pelo poder judicial ao nosso Presidente é, na melhor das hipóteses, presunçoso e inapropriado", afirmou.
Erdogan tem liderado a Turquia como primeiro-ministro ou presidente durante mais de 20 anos e afirmou já que gostaria de prolongar o atual mandato, que termina em 2028.
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