"O Presidente da Ucrânia está a manter uma conversa telefónica com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump", revelou o porta-voz de Zelensky, Sergei Nykyforov, aos jornalistas.
Os presidentes dos Estados Unidos e da Rússia concordaram na terça-feira com um cessar-fogo de 30 dias no conflito na Ucrânia, embora limitado a ataques contra alvos energéticos e infraestruturas, mas Putin exigiu condições para avançar para o fim das hostilidades.
Em reação, o líder ucraniano, manifestou-se no mesmo dia favorável à trégua com Moscovo, mas quer ver os detalhes com Washington.
Por outro lado, advertiu que as condições estabelecidas por Putin para uma trégua alargada visam enfraquecer a Ucrânia e mostram que não está pronto para acabar com a guerra.
"Todo o seu jogo é enfraquecer-nos o mais possível", declarou o Presidente ucraniano, no seguimento das condições divulgadas pelo Kremlin, que incluem o fim do rearmamento da Ucrânia e a interrupção do apoio militar ocidental a Kiev, bem como a partilha de dados dos serviços de informações.
Após uma conversa telefónica de cerca de 90 minutos, Donald Trump e Vladimir Putin também acordaram iniciar as negociações de paz de imediato, segundo um comunicado da presidência norte-americana, que elogia o "imenso benefício" de uma melhor relação entre Washington e Moscovo e o seu potencial para "enormes acordos económicos".
Além da suspensão dos ataques às infraestruturas, a Casa Branca assinalou também "negociações técnicas sobre o estabelecimento de um cessar-fogo marítimo no mar Negro, um cessar-fogo abrangente e uma paz duradoura" na Ucrânia, que foi invadida pela Rússia em fevereiro de 2022.
Moscovo concordou também com a troca de 350 prisioneiros de guerra - 175 de cada lado - com a Ucrânia, a realizar já hoje, e, como gesto de boa vontade, Putin informou o homólogo que Moscovo ia entregar 23 prisioneiros gravemente feridos a Kiev.
Desde que regressou ao poder, em 20 de janeiro, Donald Trump iniciou uma reaproximação à Rússia, após o congelamento de relações entre os dois países durante o mandato do antecessor, Joe Biden, devido à invasão da Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022.
Os Estados Unidos e a Ucrânia já tinham chegado na semana passada a um acordo para uma trégua de 30 dias no conflito, mas Moscovo levantou "questões importantes", apesar de se prontificar para negociar.
Os comunicados divulgados pela Casa Branca e pelo Kremlin não mencionam qualquer possível reordenamento territorial da Ucrânia, apesar de Moscovo ter alertado anteriormente que não abdicará das regiões que ocupa parcialmente no país vizinho e de Kiev se recusar a cedê-las.
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