Um grupo de voluntários, que procura pessoas desaparecidas no México, investigou um local que está a ser apelidado pela organização e alguma imprensa como um "campo de extermínio". No local, denunciado a semana passada, foram encontrados pelo menos três fornos crematórios, restos humanos queimados, centenas de fragmentos de ossos e objetos pessoais.
A procura surgiu depois de o grupo 'Searching Warriors of Jalisco' receber dicas anónimas. Após a descoberta do local, as autoridades foram notificadas e, já no local deram conta de que havia também quase uma centena de cartuchos de várias armas.
As fotografias captadas tanto pelo grupo de voluntários como pelas autoridades dão conta de que há pelo menos 200 sapatos, assim como objetos como um vestido azul, uma pequena mochila cor-de-rosa, cadernos, roupa interior. Segundo aponta o jornal The New York Times, os 700 objetos pessoais eram já um indício de quantas pessoas podem ter morrido no local, que fica nas proximidades de Guadalajara.
BREAKING: Guerreros Buscadores de Jalisco, a civilian collective dedicated to locating missing persons, uncovered a clandestine crematorium believed to have been operated by the Cartel Jalisco New Generation Cartel (CJNG),
— Vincent Vargas (@thereal_Rocco) March 9, 2025
The site, located on a ranch approximately 36 miles… pic.twitter.com/bcwAz9yYKB
Na segunda-feira, dias depois de a descoberta 'mexer' com o país, um vídeo com vários homens encapuzados começava a circular nas redes sociais. Nas imagens, é possível ver um homem a ler uma declaração que os identificava como membros do cartel Jalisco Nova Geração, um dos grupos designados como "terroristas" pela administração Trump. Os membros deste grupo questionavam no vídeo quais as motivações dos grupos de voluntários.
BREAKING: U.S. State Department under President Trump has officially designated the following as Foreign Terrorist Organizations:
— America (@america) February 19, 2025
- Tren de Aragua
- MS-13
- Sinaloa Cartel
- Jalisco New Generation Cartel
- United Cartels
- Northeast Cartel
- Gulf Cartel
- Michoacán Family pic.twitter.com/ipPIL1r99P
Já na quarta-feira, o procurador-geral do México, Alejandro Gertz Manero, deu uma conferência de imprensa na qual dava conta de que as autoridades mexicanas teriam cometido irregularidades na investigação do local. É que o rancho em causa foi descoberto pelas autoridades em setembro de 2024, e nada do que foi descoberto pelos voluntários foi registado pela polícia mexicana.
Manero assumiu as suas funções na semana passada. Pelo menos para já, os funcionários que fizeram a fiscalização em setembro, não foram detidos, mas Manero sublinha que estes não registaram as provas ou impressões digitais, assim como não investigaram de que forma os fornos eram usados.
2. The discovery by the Warrior Searchers of Jalisco sheds light on the horrors faced by Mexico's 'disappeared'. Families left with unanswered questions and unimaginable pain. pic.twitter.com/pa3vYOnCNC
— Dr. CZ (@AngelMD1103) March 14, 2025
O procurador-geral mexicano adiantou ainda que forças federais também não foram alertados sobre o local, como é o procedimento padrão, e esclareceu que ainda não há provas suficientes para considerar que o local era usado para queimar corpos ou treinar membros de cartéis, possibilidade também levantada.
‼️Mass Grave Uncovered in Mexico—400 Pairs of Shoes Found at Cartel ‘Death Camp’ 🇲🇽
— Kristy Tallman (@KristyTallman) March 12, 2025
The Mexican government has launched an extensive investigation after a civilian activist group uncovered a mass grave site linked to the Jalisco New Generation Cartel in Teuchitlán, Jalisco.… pic.twitter.com/Z6rwleY6NO
Note-se que mais de 120 mil pessoas desapareceram do país desde que os registos começaram a ser feitos, em 1962. Segundo grupos de direitos humanos, citados pelo New York Times, o número de pessoas desaparecidas é bem superior.
Veja as imagens na galeria acima.
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