"Os meus colegas, sabendo da minha presença aqui em Nampula, pediram a minha ajuda para participar da equipa cirúrgica (...) Estava acompanhado de três cirurgiões da província, preferiram que eu liderasse a cirurgia", explicou Ussene Isse, que desde janeiro é também ministro da Saúde de Moçambique, após a cirurgia, que se prolongou por duas horas, realizada na sexta-feira, no hospital de Nampula.
"Foi com muito gosto que o fiz, porque sabem que é minha paixão ser cirurgião, eu gosto de operar. Apesar de estar a ocupar este cargo político, sempre continuarei a dar o meu apoio, sempre que for possível, onde eu estiver", acrescentou.
A cirurgia dirigida pelo ministro, 54 anos e médico há mais de três décadas, enquadrou-se igualmente na campanha dos 100 dias de governação -- após a posse do atual Governo em 18 de janeiro - que prevê a realização de 500 cirurgias para reduzir o número de pacientes em lista de espera no Serviço Nacional de Saúde.
De acordo com o ministro, neste caso nas funções de cirurgião, a intervenção era à partida bastante complexa, devido à localização do tumor, que crescia no pescoço da paciente desde 2019.
"Já se queixava com dificuldades para respirar, comer e por razões estéticas, por ser uma mulher. Mas a cirurgia correu bem (... ) Era uma cirurgia bastante complexa, mas fizemos com muita facilidade", apontou ainda Ussene Isse, esperando por uma recuperação positiva da paciente no pós-operatório.
"Estou feliz porque ajudei mais uma moçambicana", atirou.
Já na função de ministro, revelou que a campanha que tinha como meta 500 cirurgias em 100 dias, que se cumpre apenas dentro de cerca de um mês, já ultrapassou esse objetivo, aproximando-se das 1.000 cirurgias.
As autoridades de saúde alertaram em 19 de fevereiro que as manifestações pós-eleitorais em Moçambique condicionaram a realização de cirurgias no país, levando ao aumento de pacientes em listas de espera pelos procedimentos.
"Só nestes últimos três meses, com estas manifestações pós-eleitorais, nós tivemos pacientes e profissionais de saúde que não conseguiram aceder às unidades de saúde e com isso houve uma acumulação de pacientes em listas de espera", disse em conferência de imprensa a diretora nacional de assistência médica, Luísa Panguene, em Maputo.
Segundo a representante, atualmente, cerca de 1.000 pacientes estão à espera dos procedimentos cirúrgicos em todo o país.
"Não acontecendo esta cirurgia no espaço de tempo esperado, pode acontecer um agravamento da situação clínica do doente, que pode resultar, inclusive, em óbito ou a termos de realizar cirurgias em situação de emergência", afirmou.
Luísa Panguene explicou que para a redução das listas de espera na saúde, o Governo moçambicano lançou uma campanha de aceleração de cirurgia nos principais hospitais do país, que tinha o objetivo inicial de realizar 500 intervenções nos primeiros 100 dias de governação.
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