Emmanuel Macron expressou também, numa conversa telefónica, "confiança na clarividência do Presidente [Abdelmadjid] Tebboune e pediu um gesto de clemência e de humanidade" para o escritor franco-argelino Boualem Sansal, condenado na quinta-feira a cinco anos de prisão por um tribunal argelino.
"Os dois chefes de Estado reiteraram o desejo de renovar o diálogo frutuoso que estabeleceram com a Declaração de Argel de agosto de 2022 e que se traduziu em gestos fortes em questões de memória", referiu o comunicado, numa referência à visita de Macron a Argel.
"Concordaram que a força dos laços - particularmente os laços humanos - que unem França e Argélia, os interesses estratégicos e de segurança dos dois países, e os desafios e crises que a Europa, o Mediterrâneo e África enfrentam exigiam o regresso a este diálogo de igual para igual", sublinhando "a ambição partilhada de uma relação ambiciosa, serena e respeitadora dos interesses de ambos", precisou o documento.
Os dois Presidentes, que conversaram no dia do Eid el-Fitr, que assinala o fim do Ramadão, decidiram "retomar sem demora a cooperação em matéria de segurança", essencial na luta contra o terrorismo e o tráfico de seres humanos.
A cooperação migratória, que esteve no centro da crise das últimas semanas, será também "imediatamente reiniciada, com o objetivo de obter resultados que deem resposta às preocupações dos dois países", sublinharam.
O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Noël Barrot, deslocar-se-á a 06 de abril a Argel "a fim de dar rapidamente às relações [bilaterais] a dimensão que os dois chefes de Estado desejam dar-lhes", de acordo com a mesma nota.
Macron e Tebboune também "acordaram um encontro num futuro próximo", refere o texto, sem mais pormenores.
As relações bilaterais sofreram um violento revés depois de Macron ter anunciado, em julho de 2024, o forte apoio a um plano de autonomia sob soberania marroquina para o Saara Ocidental, um território com estatuto indefinido segundo a ONU, reivindicado pelos independentistas da Frente Polisário, apoiados por Argel.
No outono, o diferendo agravou-se, com a detenção de Boualem Sansal por comentários feitos no meio de comunicação francês Frontières, de extrema-direita, que foram considerados atentatórios da integridade do território argelino.
As relações bilaterais foram também inflamadas pela questão da readmissão no país de origem dos argelinos obrigados a abandonar o território francês.
A crise franco-argelina atingiu o ponto máximo após o atentado de Mulhouse, no leste de França, que fez um morto a 22 de fevereiro deste ano, cometido por um cidadão argelino, alvo de vários pedidos de readmissão, recusados pela Argélia.
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