A procuradora-geral de Israel, Gali Baharav-Miara, criticou, esta sexta-feira, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, por ter despedido, no mês passado, o chefe de segurança interna do país (Shin Bet), Ronen Bar, considerando que foi uma decisão "contaminada por um conflito de interesses".
"A decisão de pôr termo ao mandato do chefe do Shin Bet é fundamentalmente errada, contaminada por um conflito de interesses pessoais por parte do primeiro-ministro devido às investigações criminais que envolvem os seus associados", afirmou o porta-voz de Gali Baharav-Miara, num comunicado citado pela AFP.
A procuradora-geral divulgou na nota de imprensa o parecer pormenorizado que transmitiu ao Supremo Tribunal de Israel, no qual defende as suas conclusões sobre este caso.
O Supremo deverá realizar a 8 de abril uma audiência para analisar os recursos interpostos, nomeadamente pela oposição e pela própria Baharav-Miara, contra a decisão do Governo, de 21 de março, de demitir o diretor da Agência de Segurança Interna, Ronen Bar, depois de Netanyahu ter declarado que já não podia ter qualquer confiança nele, nem a nível profissional nem pessoal.
Netanyahu condena, em especial, Ronen Bar por o seu departamento não ter conseguido prever ou impedir o ataque de uma violência sem precedentes do movimento islamita palestiniano Hamas a 07 de outubro de 2023 em território israelita, que desencadeou, horas depois, a guerra ainda em curso na Faixa de Gaza.
Mas a oposição israelita e uma organização não-governamental (ONG) consideram que a decisão do Governo foi sobretudo ditada pelo desejo de Netanyahu de se livrar do chefe do departamento que conduziu a investigação no âmbito da qual dois familiares seus estão detidos, suspeitos de terem recebido subornos do Qatar.
O Shin Bet é responsável pela vigilância dos grupos militantes palestinianos.
Recentemente, a organização publicou um relatório em que assume a responsabilidade pelas suas falhas no ataque de 7 de outubro mas, no mesmo documento, também criticou Netanyahu, afirmando que políticas governamentais falhadas ajudaram a criar o clima que levou ao ataque.
Desde o ataque de 7 de outubro, Bar foi um dos poucos oficiais superiores de segurança a permanecer no cargo.
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