Pelo menos 17 pessoas, algumas da mesma família, morreram após um bombardeamento ter atingido a cidade de Khan Younis, no sul do enclave, segundo funcionários do hospital local citados pela agência Associated Press (AP), que descreve que, horas depois, os habitantes ainda vasculhavam os escombros em busca de sobreviventes.
Centenas de pessoas morreram nas últimas duas semanas, à medida que Israel intensifica as operações no território, com o objetivo de pressionar o Hamas a libertar os restantes reféns que conserva em sua posse há um ano e meio.
Na quinta-feira, mais de 30 corpos, incluindo mulheres e crianças, foram levados para unidades de saúde em Khan Younis e arredores, segundo funcionários das equipas hospitalares
Os militares israelitas indicaram hoje que iniciaram atividades operações no norte da Faixa de Gaza, a fim de expandir a sua zona de segurança, após emitirem ordens de evacuação para partes do norte do enclave.
O gabinete de coordenação humanitária da ONU (OCHA) disse que cerca de 280 mil palestinianos foram deslocados desde que Israel terminou o cessar-fogo com o Hamas, no mês passado.
Nos últimos dias, as autoridades israelitas ameaçaram tomar grandes partes do território palestiniano e estabelecer um novo corredor de segurança no seu interior.
Para pressionar o Hamas, impuseram um bloqueio de um mês aos alimentos, combustível e ajuda humanitária, o que deixou os habitantes confrontados com uma grave escassez de bens essenciais, numa prática que grupos de defesa dos direitos humanos enquadram como um crime de guerra.
Israel argumentou no início desta semana que entraram na Faixa de Gaza alimentos suficientes durante a trégua que vigorou seis semanas para sustentar os cerca de dois milhões de palestinianos durante um longo período.
O Hamas afirma que apenas devolverá os restantes 59 reféns -- 24 dos quais se acredita estarem vivos -- em troca da libertação de mais prisioneiros palestinianos nas cadeias de Israel, de um cessar-fogo duradouro e da retirada israelita da Faixa de Gaza.
O grupo armado rejeitou as exigências de depor as armas ou de abandonar o enclave no âmbito das negociações para as etapas seguintes de um eventual cessar-fogo.
Na nova ofensiva, as tropas israelitas alargaram a zona tampão na Faixa de Gaza, retomando a secção oriental do corredor Netzarim e desligando parcialmente o norte e o sul do território.
Segundo o Projeto de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos (ACLED), com sede nos Estados unidos, mais de 300 ataques aéreos ocorreram durante dez dias no final de março.
A guerra começou quando militantes liderados pelo Hamas atacaram o sul de Israel em 07 de outubro de 2023, matando cerca de 1.200 pessoas, a maioria civis, e fazendo 251 reféns, dos quais a maioria já foi libertada no âmbito de acordos de cessar-fogo.
Mais de 50 mil palestinianos foram mortos na Faixa de Gaza no âmbito da ofensiva que se seguiu de Israel, segundo as autoridades locais, controladas pelo Hamas, dos quais mais de metade eram mulheres e crianças.
A guerra deixou a maior parte do território em ruínas e, no seu auge, desalojou cerca de 90% da população.
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