O Supremo Tribunal "decidiu que não devem ser tomadas medidas para terminar o mandato do chefe do Shin Bet, incluindo o anúncio de uma procura de um substituto ou chefe interino, e que os seus poderes não devem ser diminuídos", segundo uma das partes que recorreu da demissão, o Movimento para o Governo de Qualidade em Israel, em comunicado citado pela agência espanhola EFE.
Ao mesmo tempo, os juízes pediram ao Governo e à procuradora-geral um acordo sobre a demissão de Ronen Bar, após um longo dia de audiências sobre a legalidade da decisão do executivo.
"Damos-vos até depois do Pessach [a Páscoa judaica, que termina em 19 de abril] para encontrar um acordo criativo" antes de o tribunal decidir, declarou o presidente da instância, o juiz Yitzhak Amit.
As audiências, que começaram ao início da manhã para analisar os recursos contra o afastamento do responsável de um dos braços dos serviços de informações israelitas, ficaram inicialmente marcadas por altercações entre apoiantes e opositores do Governo, que levaram à expulsão do público da sala, descreveu a agência France Presse (AFP)
Correndo o risco de reacender divisões numa sociedade israelita altamente polarizada, o Governo de Benjamin Netanyahu decidiu, em 21 de março, demitir Bar, alegando perda de confiança.
A demissão é contestada pela oposição, que a vê como um sinal de desvio autocrático de poder, e pela procuradora-geral do Estado, Gali Baharav-Miara, que a considerou por sua vez "manchada por um conflito de interesses do primeiro-ministro devido às investigações criminais sobre os seus mais próximos", o que poderá levar "à politização do cargo".
Netanyahu, por sua vez, sustenta que o Governo pode decidir a seu critério se nomeia ou demite o chefe do Shin Bet, que responsabiliza pelo fracasso em impedir o sangrento ataque do movimento islamita palestiniano Hamas no sul de Israel em 07 de outubro de 2023, que desencadeou a atual guerra na Faixa de Gaza.
Numa carta ao Supremo Tribunal, Ronen Bar acredita que os motivos da demissão estão relacionados com a sua confrontação com o primeiro-ministro nos casos que enfrenta por corrupção e o processo "Qatargate" que atinge pessoas do seu gabinete.
As decisões tomadas pelo Governo de Netanyahu em março de demitir o chefe do Shin Bet, de iniciar um processo de afastamento da procuradora-geral e de retomar a ofensiva militar na Faixa de Gaza após uma trégua de dois meses reacenderam os protestos contra executivo, que a oposição acusa de excessos ditatoriais.
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