Os confrontos em várias regiões do país, assim como a detenção do vice-presidente Riek Machar, no final de março, pelas forças leais ao Presidente Salva Kiir, estão a pôr em risco um acordo de paz que pôs fim a cinco anos de guerra civil sangrenta em 2018.
Os bombardeamentos aéreos intensificaram-se em meados de março, de acordo com a HRW, cerca de dez dias depois de um ataque a um helicóptero da ONU no condado de Nasir (nordeste), que matou um membro da tripulação e um general sul-sudanês.
Testemunhas, entrevistadas pela organização não-governamental (ONG), descreveram "barris" largados de um avião que explodiram no chão.
Um membros das equipas de resgate explicou que as áreas afetadas "arderam durante vários dias, com sons de estalo", o que a HRW acredita indicar que "foram utilizadas substâncias inflamáveis como agentes incendiários".
Esse 'modus operandi' foi verificado em quatro ataques ocorridos entre 16 e 21 de março, que, segundo a organização, "deixaram pelo menos 58 mortos e queimaram gravemente outros".
A HRW pediu à ONU que "instasse o Sudão do Sul a cessar seus ataques ilegais", cujo uso "em áreas povoadas poderia constituir uma série de crimes de guerra", e apelou ao envio urgente de forças de paz da organização para as áreas afetadas.
No final de março, o chefe da missão da ONU no Sudão do Sul, Nicholas Haysom, condenou os ataques indiscriminados contra civis, em particular os bombardeamentos aéreos com dispositivos que alegadamente continham um líquido "altamente inflamável", que causaram "um grande número de vítimas e ferimentos horríveis, em particular queimaduras".
Contactado pela agência de notícias France-Presse, o governo do país não respondeu, apesar de a 17 de março, ter indicado que os ataques aéreos na região foram realizados no âmbito de "operações de segurança".
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