Vucic dirigiu-se a cerca de 55.000 dos seus apoiantes reunidos num comício no centro de Belgrado, muitos dos quais vieram de autocarro de todo o país para a capital sérvia, informou o Arquivo da Assembleia Pública, um grupo de contagem independente.
O presidente sérvio tem-se esforçado por reprimir o movimento nacional liderado por estudantes universitários que exigem justiça para as vítimas da derrocada da cobertura de uma estação de comboios que matou 16 pessoas em novembro de 2024, e que muitos atribuíram à alegada corrupção generalizada.
Os 55.000 apoiantes - calculados no início do comício, às 19h00 locais (17h00 GMT) - é muito inferior às 275.000 a 325.000 pessoas que participaram na manifestação estudantil contra o governo em Belgrado a 15 de março, segundo a contagem do mesmo grupo.
Cada vez mais autoritário, o governo sérvio intensificou a repressão contra os críticos e os meios de comunicação independentes, com a polícia a interrogar estudantes e ativistas, e a ameaçar com ações judiciais para travar as greves universitárias.
O discurso de hoje de Vucic perante milhares dos seus apoiantes no comício em Belgrado - alguns vindos dos vizinhos Kosovo e Bósnia - sugeriu que a pressão do Estado sobre os manifestantes e os meios de comunicação social poderá aumentar ainda mais.
A reunião em Belgrado foi concebida para contrariar os protestos maciços contra a corrupção que têm atraído centenas de milhares de pessoas num desafio sem precedentes ao presidente populista.
"O ataque veio do estrangeiro", disse Vucic no comício, sem nomear os alegados organizadores estrangeiros e sem apresentar provas das suas afirmações: "Não permitiremos que aqueles que estão fora e dentro da Sérvia destruam o nosso Estado".
Vucic recebeu o apoio do seu aliado de direita, o primeiro-ministro húngaro Viktor Orban, que se dirigiu ao comício numa mensagem de vídeo.
Outro orador foi o presidente sérvio da Bósnia, Milorad Dodik, cuja prisão é pedida pelas autoridades bósnias devido às suas políticas separatistas.
Os estudantes em protesto têm acampado nos edifícios das suas faculdades em todo o país nos últimos cinco meses, apoiados pelos seus professores e reitores.
As concentrações lideradas pelos estudantes têm atraído centenas de milhares de pessoas para algumas das maiores manifestações de sempre na Sérvia.
Vucic tem-se esforçado para limitar a independência das universidades da Sérvia numa campanha que entrou "numa fase de ditadura aberta", afirmou o grupo opositor ProGlas, constituído por investigadores, atores e outros.
O atual presidente sérvio é um antigo nacionalista extremista que agora diz querer que o país adira à União Europeia, mas tem enfrentado acusações de sufocar as liberdades democráticas, ao mesmo tempo que mantém relações estreitas com a Rússia e a China.
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