"A prioridade deve ser a obtenção de um cessar-fogo imediato e permanente e o fim do conflito. Os participantes apoiarão proativamente os esforços para encontrar uma solução pacífica e rejeitarão todas as atividades, incluindo a interferência externa, que aumentem as tensões ou que prolonguem ou permitam os combates", lê-se no texto.
Os participantes salientaram a "necessidade de evitar qualquer divisão do Sudão" e "rejeitaram todos os planos, incluindo o anúncio de governos paralelos, que ponham em risco a unidade, a soberania e a integridade territorial do Sudão e possam comprometer as aspirações democráticas do povo sudanês".
No comunicado, defenderam a transição para um Governo liderado por civis.
"Deve ser o povo sudanês - no sentido mais amplo e representativo - a articular e decidir o futuro político do seu país", vincam.
Perante a crise humanitária no país, foram discutidas formas de cooperação e reforço da ajuda à população afetada, e os participantes apelaram ao "acesso humanitário rápido, seguro e sem entraves a todas as zonas necessitadas, através de todas as vias necessárias".
"Reconhecendo a urgência e a dimensão da crise humanitária, incluindo o impacto dos 3,8 milhões de refugiados e retornados sudaneses nos Estados vizinhos, os participantes reiteraram o seu apelo às partes beligerantes para que tomem medidas concretas e imediatas para respeitar o direito humanitário internacional", vincam.
Instaram também as partes a "levantarem todos os obstáculos" aos fornecimentos e trabalhadores humanitários e a respeitarem o "caráter neutro e salvador da assistência humanitária".
A conferência foi coorganizada pelo Reino Unido, União Africana (UA), União Europeia (UE), França e Alemanha e contou também com a participação de ministros dos Negócios Estrangeiros ou representantes do Canadá, Chade, Egito, Etiópia, Quénia, Reino da Arábia Saudita, Noruega, Qatar, Sudão do Sul, Suíça, Turquia, Emirados Árabes Unidos, Uganda, Estados Unidos, da Liga dos Estados Árabes (LEA) e das Nações Unidas (ONU).
Perante a dimensão da crise humanitária, oito participantes (Reino Unido, EUA, UE, França, Alemanha, Emirados Árabes Unidos, Canadá e Suíça) comprometeram-se a disponibilizar mais de 813 milhões de libras (951 milhões de euros) de financiamento para o Sudão e países vizinhos este ano.
A guerra no Sudão entre as Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) e as Forças Armadas Sudanesas (SAF, na sigla em inglês) começou em 15 de abril de 2023.
Nos últimos dois anos, matou dezenas de milhares de pessoas e obrigou mais de 12 milhões a fugir das suas casas e quase quatro milhões a procurarem refúgio nos países vizinhos.
De acordo com dados das Nações Unidas (ONU), citados em comunicado, 60% dos 50 milhões de habitantes do país - cerca de 30 milhões - precisam de assistência humanitária e as pessoas estão a enfrentar crises sanitárias simultâneas e um acesso limitado aos cuidados de saúde pública.
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