Falsas alegações feitas por Trump nos primeiros 100 dias de mandato

Os primeiros 100 dias do segundo mandato presidencial de Donald Trump foram marcados por várias alegações falsas e declarações enganosas por parte do chefe de Estado, amplamente documentadas por órgãos de comunicação e verificadores de factos.    

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© MANDEL NGAN/AFP via Getty Images

Lusa
28/04/2025 07:20 ‧ há 4 horas por Lusa

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De acordo com a organização não-governamental (ONG) Repórteres sem Fronteiras (RSF), a carreira política de Donald Trump "foi em parte definida pela propensão a espalhar falsidades", tendo feito, ao longo do primeiro mandato, "mais de 30.000 declarações falsas ou enganosas, um volume de imprecisão sem igual na história americana", incluindo a negação consistente dos resultados eleitorais de 2020. 

 

Seguem-se alguns exemplos registados durante os primeiros 100 dias de Governo: 

Guerra na Ucrânia

Desde que tomou posse, em 20 de janeiro passado, Donald Trump fez várias declarações falsas ou enganosas sobre a guerra na Ucrânia, frequentemente alinhadas com a narrativa do Kremlin e criticadas por autoridades ucranianas, líderes europeus e analistas internacionais.  

Em fevereiro deste ano, o Presidente norte-americano afirmou que a Ucrânia "nunca devia ter começado" a guerra, ignorando a invasão em larga escala do país, iniciada pela Rússia em fevereiro de 2022, sem provocação por parte de Kyiv. 

Também apelidou o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, de "ditador" e acusou-o de se recusar a realizar eleições. Contudo, a Ucrânia está sob lei marcial devido à guerra, o que, conforme a legislação, impede a realização de eleições durante esse período.  

Da mesma forma, o Republicano afirmou falsamente que Zelensky tinha apenas 4% de aprovação popular. Sondagens realizadas pelo Instituto Internacional de Sociologia de Kyiv (KIIS) mostraram que, em fevereiro passado, 57% dos ucranianos confiavam em Zelensky.  

Além disso, Trump afirmou que os EUA gastaram 350 mil milhões de dólares (309 mil milhões de euros) em ajuda à Ucrânia, ou mais 200 mil milhões do que a Europa. 

No entanto, dados do Instituto Kiel, 'think tank' alemão que acompanha de perto a ajuda à Ucrânia, indicaram que, até ao final de 2024, os EUA haviam comprometido cerca de 124 mil milhões de dólares (109,4 milhões de euros), enquanto a UE e países europeus individualmente haviam cedido coletivamente muito mais ajuda militar, financeira e humanitária a Kyiv: cerca de 228 mil milhões de euros (258 mil milhões de dólares). 

Desperdícios na ajuda externa norte-americana

Em janeiro passado, pouco tempo depois de tomar posse, Trump afirmou que a sua administração tinha "identificado e impedido que 50 milhões de dólares (44 milhões de euros) fossem enviados para Gaza para comprar preservativos para o [movimento islamita palestiniano] Hamas". 

Esta afirmação foi prontamente contrariada pela imprensa norte-americana, tendo o jornal The New York Times identificado milhões de dólares em subsídios federais concedidos para prevenir doenças sexualmente transmissíveis na província moçambicana de Gaza, e não no território palestiniano. 

Trump fez várias alegações falsas ou infundadas sobre a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), como parte da campanha para desmantelar a agência e reduzir drasticamente a ajuda externa norte-americana. 

Sem apresentar provas, afirmou que "milhares de milhões de dólares foram roubados da USAID" e usados como suborno para que a imprensa criasse histórias favoráveis aos democratas, numa alegação amplamente desmentida. 

Herdou uma "catástrofe económica"

No primeiro discurso do ano perante o Congresso, em março, Trump declarou ter "herdado do último Governo uma catástrofe económica e um pesadelo inflacionista". 

Na realidade, a inflação atingiu um pico de 9,1% em 2022, sob a Presidência de Joe Biden, mas Trump não herdou uma economia desastrosa em nenhum aspeto. 

A taxa de desemprego desceu para 4% em janeiro, mês de transição de executivos, enquanto a economia cresceu uns saudáveis 2,8% em 2024. Os rendimentos ajustados à inflação cresceram de forma constante desde meados de 2023. E a inflação, ainda a 3% em janeiro, estava abaixo do pico de 2022, quando Trump proferiu o discurso. 

Na semana passada, Donald Trump afirmou falsamente que os preços dos alimentos estão a "cair e a descer". Na verdade, os preços dos alimentos continuaram a subir, mesmo antes de ter imposto tarifas quase globais de 10% no início deste mês, segundo uma verificação de factos feita pela televisão CNN internacional. 

Tarifas e guerra comercial com a China

Trump repetiu este mês a frequente alegação falsa de que, antes da primeira Presidência (2017-2021), a China "nunca pagou 10 cêntimos a nenhum outro Presidente" em tarifas. 

Contudo, além de serem os importadores dos EUA a fazerem os pagamentos das tarifas, os EUA arrecadaram milhares de milhões de dólares em taxas alfandegárias sobre as importações chinesas durante anos, sublinhou a CNN Internacional.  

Aliás, os EUA têm tarifas sobre as importações chinesas desde 1789, com o 'Tariff Act', uma das primeiras leis do Congresso dos EUA. O antecessor de Trump no primeiro mandato, o antigo presidente Barack Obama, já havia aplicado tarifas adicionais sobre os produtos chineses. 

Leia Também: Primeiros 100 dias de Trump abalam economia, comércio e mercados

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