Guterres exige que Israel responda por ataques a médicos e à ONU

O secretário-geral da ONU pediu esta terça-feira aos Estados-membros para garantir "que a impunidade não prevalece" na guerra em Gaza, incluindo nos ataques direcionados de Israel contra médicos e trabalhadores da ONU. 

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Lusa
29/04/2025 17:01 ‧ há 6 horas por Lusa

Mundo

Médio Oriente

Num duro discurso perante o Conselho de Segurança da ONU, António Guterres exigiu responsabilização a todos os níveis e sublinhou que o desrespeito pelo direito internacional "tem de acabar". 

 

"Apelo aos Estados-membros para que usem a vossa influência para garantir que o direito internacional é respeitado e a impunidade não prevalece", afirmou. 

"Isto inclui o incidente de 19 de março, pelo qual Israel reconheceu agora a responsabilidade, ao disparar contra uma casa de hóspedes da ONU, matando um colega e ferindo seis, assim como o assassínio de paramédicos e outros socorristas em Rafah a 23 de março, assim como muitos outros casos", sublinhou Guterres. 

O líder da ONU admitiu "estar alarmado" com declarações de membros do Governo israelita sobre a utilização da ajuda humanitária como uma ferramenta de pressão militar. 

"A ajuda não é negociável. Israel deve proteger os civis e concordar com os planos de ajuda e facilitá-los. (...) A entrada de assistência deve ser restaurada imediatamente e a segurança do pessoal da ONU e dos parceiros humanitários deve ser garantida", acrescentou. 

Guterres criticou ainda que o mundo assista, ao longo dos últimos dois meses, ao bloqueio israelita de alimentos, combustível, medicamentos e mantimentos comerciais, privando mais de dois milhões de pessoas de produtos que salvam vidas. 

A situação humanitária em toda a Faixa de Gaza chegou a "um ponto inimaginável", declarou Guterres, apelando para a libertação imediata dos reféns ainda retidos pelo grupo islamita palestiniano Hamas. 

Num olhar para os impactos desta guerra em todo o Médio Oriente, o ex-primeiro-ministro português considerou que a região está num ponto crucial da história, estando uma paz verdadeiramente sustentável dependente de uma questão central: a solução de dois Estados. 

Porém, a promessa de uma solução de dois Estados corre o risco de "diminuir até ao ponto de desaparecer", alertou o secretário-geral, destacando que um compromisso político para esse fim "está mais distante do que nunca". 

Como resultado, os direitos dos israelitas e dos palestinianos à vida, à paz e à segurança foram prejudicados, "e as legítimas aspirações nacionais dos palestinianos foram negadas, enquanto suportam a presença contínua de Israel, que o Tribunal Internacional de Justiça considera ilegal", disse. 

Guterres criticou as condições de vida "totalmente desumanas" impostas por Israel aos palestinianos em Gaza, assim com na Cisjordânia, onde os palestinianos estão a ser "contidos e coagidos" por colonos e militares israelitas. 

"O mundo não se pode dar ao luxo de ver desaparecer a solução de dois Estados. Os líderes políticos enfrentam escolhas claras: permanecer em silêncio, consentir ou agir", afirmou. "Não se vislumbra um fim para a matança e para a miséria" em Gaza, acrescentou. 

António Guterres pressionou os Estados-membros da ONU a agir, sem se limitarem a expressar apenas apoio, mas sim a atuar efetivamente para evitar que a ocupação e a violência se perpetuem. 

"O meu apelo aos Estados-membros é claro e urgente: Tomem medidas irreversíveis para implementar uma solução de dois Estados. Não deixem que os extremistas de qualquer lado minem o que resta do processo de paz", pediu. 

A Conferência de Alto Nível, prevista para em junho, copresidida pela França e pela Arábia Saudita para abordar esta questão, é uma oportunidade importante para revitalizar o apoio internacional, considerou o português. 

Guterres incentivou a comunidade internacional a ir "além das afirmações" e a "pensar criativamente" sobre medidas concretas de apoio a uma solução viável de dois Estados "antes que seja tarde demais". 

"Mostrem coragem política e exerçam a vontade política para resolver esta questão central para a paz dos palestinianos, dos israelitas, da região e da humanidade", concluiu. 

A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada por um ataque do grupo radical palestiniano Hamas em Israel, em 07 de outubro de 2023. O ataque causou cerca de 1.200 mortos e 250 reféns. 

A resposta israelita provocou mais de 51.000 mortos em Gaza, bem como a destruição de uma parte significativa das infraestruturas do território palestiniano governado pelo Hamas desde 2007. 

Leia Também: ONU pede transição política na Síria "inclusiva" às novas autoridades

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