"O Governo decidiu revogar a sua decisão de 20 de março de 2025", indicou um documento enviado pelo gabinete de Benjamin Netanyahu ao Supremo Tribunal, citado pela agência noticiosa France-Presse (AFP).
O texto refere que os atuais recursos contra a decisão de afastar o diretor dos serviços de segurança interna (Shin Bet) "já não são, por isso, relevantes".
Na segunda-feira, Ronen Bar, alvo de um processo de despedimento que contestou, anunciou que deixaria o cargo em 15 de junho, após semanas de episódios de tensão com Netanyahu e que geraram protestos no país.
"Após 35 anos de serviço, para permitir um processo ordenado de nomeação de um sucessor permanente e uma transição profissional, irei reformar-me a 15 de junho de 2025", justificou Ronen Bar.
O responsável do Shin Bet manifestou disponibilidade para continuar a cooperar com o sistema de justiça enquanto o caso continua a ser tratado em tribunal, defendendo que a independência da agência é imune à pressão política.
O Supremo Tribunal está atualmente a considerar recursos contra a demissão de Bar, que a procuradora-geral, Gali Baharav-Miara, identificou como um "conflito de interesses".
Em causa está uma investigação do Shin Bet ao escândalo "Qatargate", no qual dois dos antigos conselheiros mais próximos de Netanyahu foram implicados.
O "Qatargate", divulgado em parte pelo jornal israelita Haaretz, investiga alegados pagamentos do Qatar, entre maio de 2002 e outubro de 2024, a conselheiros de Netanyahu para melhorar a imagem do país árabe em Israel.
Além disso, em março, o Shin Bet publicou as conclusões da investigação sobre as falhas que permitiram ao movimento islamita palestiniano Hamas lançar o ataque ao território israelita em 07 de outubro de 2023, que desencadeou a atual guerra na Faixa de Gaza.
Netanyahu justificou a demissão de Bar por ter perdido a confiança no diretor dos serviços secretos internos israelitas.
O primeiro-ministro israelita tem continuamente acusado Ronen Bar de não ter conseguido impedir os ataques do Hamas em Israel, que mataram cerca de 1.200 pessoas e fizeram 251 reféns.
O anúncio da demissão desencadeou protestos em grande escala nas ruas de Israel que duraram várias semanas.
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