Segundo notícia o jornal espanhol El Mundo, esta quarta-feira, as autoridades espanholas já vinham sendo avisadas, há pelo menos cinco anos, das fragilidades do sistema de energia solar, mas terão ignorado os alertas.
O primeiro aviso surgiu em setembro de 2020, quando os técnicos da Red Eléctrica apresentaram os seus estudos sobre o sistema elétrico nacional. Nesse documento, indicava-se que a integração maciça de energias renováveis teria um grande impacto na estabilidade da rede em Espanha, devido à sua interconexão limitada.
O El Mundo refere que, perante esta ameaça, os técnicos da empresa pública propuseram várias medidas "essenciais" para evitar desequilíbrios de frequência. Porém, cinco anos depois, poderá ter sido isto que esteve na origem do apagão vivido esta segunda-feira na Península Ibérica.
Muitas das medidas previstas nestes estudos não foram implementadas ou foram, mas a um ritmo lento. Ao mesmo tempo, a produção de energia renovável acelerava. Isto resultou numa perda de inércia do sistema elétrico nacional, ou seja, uma perda de capacidade para amortecer os desequilíbrios de frequência que, na maioria dos casos, ocorrem quando a produção e a procura são desiguais.
No passado mês de fevereiro, a própria Redeia, empresa-mãe do operador de rede de enrgia renovável, reconheceu perante os investidores o "risco a curto prazo" de "cortes de produção devido à elevada penetração das energias renováveis".
Recorde-se que uma desconexão súbita de produção, aparentemente fotovoltaica, desencadeou, segundo explicações da própria Red Eléctrica, o corte de energia que deixou a Península Ibérica sem abastecimento durante horas.
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