Em comunicado, a presidência síria "condena nos termos mais fortes o ataque ao palácio presidencial, levado a cabo pela ocupação israelita", advertindo que "constitui uma perigosa escalada contra as instituições do Estado e a sua soberania".
O texto trata o ataque da aviação israelita como uma ação desmesurada que procura "desestabilizar o país".
A presidência síria acusou Israel de atingir "a segurança nacional e a unidade do povo sírio" e pediu à comunidade internacional e aos países árabes para apoiarem Damasco face "a estes ataques hostis que violam o direito internacional".
Ao mesmo tempo, referiu que estes ataques "contra a unidade síria, sejam locais ou externos, nunca conseguirão enfraquecer a vontade do povo sírio ou dificultar os esforços do Estado para alcançar a estabilidade e a paz", e que as forças de segurança estão a trabalhar para evitar "qualquer ameaça" contra o país e os seus cidadãos.
"A Síria nunca negociará a sua soberania ou segurança e defenderá os direitos do seu povo com todos os meios disponíveis", afirmou o comunicado, sublinhando que o processo de reformas "nunca irá parar, independentemente dos desafios" após a queda do regime do ex-presidente Bashar al-Assad, em dezembro de 2024.
Aviões de guerra israelitas atacaram uma área perto do palácio presidencial, na manhã de hoje em Damasco, segundo as Forças de Defesa de Israel.
A comunicação social síria indicou que o bombardeamento israelita sem precedentes não causou vítimas e atingiu uma área vazia perto das instalações presidenciais.
O ataque foi confirmado pelo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e pelo ministro da Defesa, Israel Katz, que descreveram esta operação como "uma mensagem clara ao regime sírio", no sentido de que não permitiriam que ameaças à comunidade drusa.
Grupos armados ligados à comunidade drusa da Síria estão envolvidos em confrontos intensos com as forças de segurança desde a noite de segunda-feira, que provocaram dezenas de mortos e levaram à intervenção israelita em apoio desta minoria religiosa.
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, sediado em Londres e com uma vasta rede de colaboradores na Síria, aumentou na quinta-feira o número de mortos em confrontos armados nos últimos dois dias para 101, e as autoridades ainda não divulgaram um número oficial de vítimas.
Na quinta-feira, o líder religioso druso mais influente da Síria criticou o regime sírio, denunciando uma "campanha genocida" contra a sua comunidade, depois dos confrontos do início da semana, desencadeados por uma suposta mensagem áudio atribuída a um druso e considerada blasfema contra o profeta Maomé.
As autoridades religiosas, os líderes tradicionais e os grupos drusos armados sublinharam que a sua comunidade constituía "uma parte inalienável" da Síria, após uma manifestação na noite de quinta-feira na cidade de Suwayda, no sul do país.
Em resposta, Israel disse ter mobilizado o Exército para acompanhar a situação.
Desde 1967, Israel ocupa Montes Golã sírios, situados na fronteira entre os dois países e que Israel anexou unilateralmente em 1981.
Além da Síria, incluindo os Montes Golã ocupados, os drusos, uma comunidade esotérica descendente de um ramo do Islão, vivem sobretudo no Líbano e em Israel.
Desde a queda do regime de Damasco, as forças israelitas atacaram centenas de vezes em território sírio e atravessaram a zona desmilitarizada no sul do país.
Nesta região, residem cerca de 24 mil membros da minoria drusa, juntamente com perto de 30 mil israelitas.
A nova vaga de violência reacendeu o espetro de confrontos sectários, após os massacres em março que tiveram como alvo a minoria muçulmana alauita, um ramo dos xiitas a que pertence Al-Assad, derrubado por uma coligação de rebeldes islamitas sunitas, agora no poder.
Estes confrontos resultaram na morte de mais de 1.700 pessoas, na maioria alauitas civis.
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