"A Síria não deve transformar-se num terreno de jogos para as tensões regionais", declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão num comunicado.
O ministério alemão apelou ainda a "todos os atores --- nacionais e estrangeiros --- para exercerem a maior contenção".
A Comissão Europeia pediu também hoje a todos os atores que mostrem máxima contenção e evitem mais violência, após aviões israelitas terem atacado hoje de manhã uma zona próxima do palácio presidencial em Damasco, na Síria.
O ataque foi confirmado pelo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e pelo ministro da Defesa, Israel Katz, que descreveram a manobra militar como "uma mensagem clara ao regime sírio".
A Presidência síria condenou o bombardeamento israelita, com as novas autoridades de Damasco a classificarem os acontecimentos como "uma grave escalada contra as instituições do Estado e a soberania" do país.
Na passada quarta-feira, Israel já tinha bombardeado a cidade síria de Ashrafieh Sahnaya, nos arredores de Damasco, após confrontos entre as forças do Governo sírio e grupos ligados à minoria drusa.
Grupos armados ligados à comunidade drusa da Síria estão envolvidos em confrontos intensos com as forças do Estado desde terça-feira, com o registo de várias dezenas de mortos. Os confrontos desencadearam a intervenção israelita em defesa da minoria religiosa.
Na quinta-feira, a organização Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) elevou para 101 o número de mortos nos confrontos armados que ocorreram nos últimos dias no sul da Síria. As autoridades não forneceram números oficiais de vítimas.
Os confrontos estão a revelar a violência contra as minorias na Síria, como os massacres em março contra a minoria alauita, da qual faz parte o antigo Presidente sírio Bashar al-Assad, que se refugiu em Moscovo após o derrube do regime.
O regime do Presidente Bashar al-Assad foi deposto por uma coligação de grupos armados em 08 de dezembro, após 11 anos de guerra civil, sendo o país agora administrado por um Governo de transição, liderado por Ahmed al-Chaara.
Os drusos, uma comunidade esotérica descendente de um ramo do Islão, são vistos com desconfiança pela corrente sunita extremista de que provêm as novas autoridades da Síria.
Representam cerca de 0,3% da população síria e vivem principalmente no sul, nomeadamente na província de As-Suwayda, perto de Israel, mas também em bolsas no noroeste e perto da capital, Damasco.
Os drusos, cujo número é calculado em cerca de 700.000, concentraram-se sobretudo na proteção dos seus territórios e evitaram em grande medida o recrutamento forçado para o exército sírio.
Além da Síria, incluindo os Montes Golã sob ocupação israelita, a comunidade drusa vive sobretudo no Líbano e em Israel.
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