Líderes políticos dizem que Europa deve investir em tecnologia militar

Líderes políticos e empresariais disseram na Conferência Global do Milken Institute, em Los Angeles, que o reposicionamento da Europa na nova ordem mundial terá de passar pelo alívio da regulação, investimento em tecnologia militar e estímulo ao empreendedorismo.

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© Bernd von Jutrczenka/picture alliance via Getty Images

Lusa
06/05/2025 06:21 ‧ há 6 horas por Lusa

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"Há uma crescente consciencialização na Europa que exagerámos na regulação", afirmou na segunda-feira o secretário de Estado do Ministério das Finanças alemão, Heiko Thoms. "O tsunami regulatório que vimos nos últimos anos do Parlamento Europeu foi simplesmente demasiado", acrescentou.

 

A sessão, intitulada 'A Europa Reimaginada', debruçou-se sobre o reposicionamento da região perante a guerra, as mudanças nas estruturas de poder globais e a política da nova administração de Donald Trump, considerada menos alinhada com os interesses europeus. 

Mas Thoms apontou que o Presidente dos Estados Unidos, ao empurrar os países para uma maior despesa com defesa, terá um efeito positivo. A Alemanha tem um plano para aumentar os gastos nos próximos quatro anos e o governante indicou que o próximo passo é atribuir contratos de longo prazo a empresas da indústria. 

O que o responsável receia é a narrativa que rondará a guerra na Ucrânia este ano e as declarações de Donald Trump de que o Presidente russo, Vladimir Putin, precisa de um lugar à mesa. 

"Será muito difícil convencer os nossos públicos que precisamos de gastar o dinheiro dos seus impostos em defesa, enquanto a pessoa responsável pela necessidade de gastar mais terá um assento na mesa", sublinhou. 

Timo Haas, CEO da fabricante de armamento Rheinmetall AG, apontou que os governos europeus perceberam que é preciso mudar a arquitetura de segurança para aumentar o nível de dissuasão. 

"O desafio de segurança da Europa é que temos de controlar o que fazemos, temos de controlar a nossa arquitetura de segurança e integrar todas as tecnologias", afirmou.

Haas considerou que será necessário criar uma arquitetura comum em vez das abordagens nacionalistas que existem neste momento. 

O executivo também indicou que é uma boa ocasião para a Europa apanhar os Estados Unidos em termos de tecnologia. "Porque quando se investe na indústria da defesa, investe-se em Inteligência Artificial, em ciência e em múltiplas tecnologias", afirmou. Mais tarde, essa inovação pode ter aplicações civis.

"Sem mercado, apenas com dinheiro estatal, nada vai acontecer. Devemos focar-nos neste uso dual da tecnologia de defesa e dizer aos governos que os gastos maciços não são apenas para casos específicos de defesa", afirmou. 

A presidente da Câmara de Comércio Britânica, Martha Lane-Fox, apontou que um dos problemas da Europa é que não tem conseguido aproveitar o talento nas universidades e este é um bom momento para o fazer. 

"Há muita energia na comunidade empreendedora. Querem mais dólares americanos", disse a responsável, falando de uma grande oportunidade para mudar a mentalidade. "Os investidores norte-americanos dizem sempre, viver na Europa e investir nos EUA. Temos que mudar isso para viver na Europa e investir na Europa".

Para isso, defenderam outros dois líderes empresariais, tem de haver menos regulação e entraves à operação de empresas. 

"Comparem o que uma startup tem de preparar e trabalhar e quantas aprovações precisa para lançar a sua empresa na Europa, em relação à América", exemplificou Mathias Döpfner, CEO da Axel Springer, 'holding' que detém títulos como Politico e Die Welt. "É muito assimétrico". 

Döpfner apontou que uma das causas é a falta de cultura de risco. "Punimos as pessoas que correram riscos e falharam", descreveu. "Em vez de pormos a culpa toda nos políticos e na regulação, devemos também trabalhar no nosso código genético cultural". 

Isso implica, segundo o CEO da Sia Partners, Matthieu Courtecuisse, aumentar a flexibilidade do mercado laboral, aliviar a regulação da IA e melhorar a infraestrutura energética. 

O executivo deu como exemplo o apagão que afetou a Península Ibérica e a necessidade de mudar a forma como o sistema energético está estruturado. 

"Estamos num momento em que devemos pausar ou mesmo remover regulações", disse, considerando o AI Act (regulamento da Inteligência Artificial) impossível de implementar. "Estamos a tentar regular antes de inovar. Não é sustentável". 

A Global Conference do Milken Institute decorre até quarta-feira, 07 de maio, no Beverly Hilton em Los Angeles. 

Leia Também: Exército da Somália anuncia que matou 30 alegados terroristas

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