"Vamos criar um Conselho de Defesa e Segurança franco-alemão que se reunirá regularmente para dar respostas operacionais aos nossos desafios estratégicos comuns", disse o Presidente francês, numa conferência de imprensa no Palácio do Eliseu, em Paris, ao lado do líder conservador alemão, Friedrich Merz.
Esta foi a primeira viagem internacional de Merz após ter sido nomeado oficialmente chanceler na terça-feira, numa segunda votação no Bundestag (câmara baixa do parlamento alemão), após uma primeira votação falhada.
Na conferência de imprensa conjunta, o chanceler alemão insistiu que o acordo de comércio livre entre os 27 Estados-membros da União Europeia e os países do Mercosul deve ser "rapidamente ratificado e implementado", referindo estar ciente das reservas de Paris e da oposição de Macron sobre o assunto.
O líder alemão disse ainda que a relutância em relação a certos aspetos dos acordos comerciais da França não põe em causa o compromisso da Europa neste domínio.
Já o chefe de Estado francês insistiu em argumentos para travar a ratificação do Mercosul, assinado pela Comissão Europeia em dezembro de 2024 e que inclui as potências agrícolas do Brasil e da Argentina, bem como o Uruguai e o Paraguai, além da Bolívia, que está a concluir o seu processo de adesão.
"Somos a favor de acordos comerciais, desde que respeitem os produtores europeus e lhes proporcionem condições equitativas" face aos produtores de países terceiros, afirmou Macron.
O Presidente francês citou o acordo comercial entre a UE e o Canadá como um bom exemplo de "igualdade de condições".
A nível dos conflitos internacionais, segundo o chanceler alemão, os europeus "não podem tomar o lugar" dos Estados Unidos na obtenção e garantia de um cessar-fogo entre a Ucrânia e a Rússia, em conflito desde fevereiro de 2022.
"A guerra na Ucrânia não terminará sem um compromisso político e militar ainda maior dos Estados Unidos e os europeus não podem tomar o seu lugar", afirmou Merz, defendendo que um futuro cessar-fogo "deve ser garantido pela participação dos Estados Unidos".
Sobre a situação humanitária na Faixa de Gaza, Macron afirmou que "é inaceitável que Israel não respeite o direito humanitário em Gaza, bem como a deslocação da população civil", ressaltando que o território enfrenta "a situação mais crítica" de sempre.
Embora a França tenha "dois pesos e duas medidas", Macron considera que, por isso, a política francesa deve apoiar Israel na luta contra o terrorismo do movimento islamita Hamas.
Relativamente à escalada no confronto militar entre a Índia e o Paquistão, em que os dois países se bombardearam hoje mutuamente provocando pelo menos 26 mortes do lado paquistanês e 12 do lado indiano, Paris e Berlim afirmam estar a acompanhar "com grande preocupação".
"Temos de manter a cabeça fria, mostrar contenção e razão para evitar qualquer escalada na região", insistiu o novo chefe do Governo alemão.
As tensões entre as duas potências nucleares, rivais desde que se tornaram independentes do Reino Unido em 1947, agravaram-se desde 22 de abril, quando homens armados mataram 26 pessoas no lado indiano de Caxemira, num território montanhoso controlado em partes pelo Paquistão e pela Índia.
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