"Ninguém tem interesse em arrastar o processo", disse o porta-voz do Kremlin (presidência), Dmitri Peskov, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).
Peskov disse que "todos estão a trabalhar de forma dinâmica" e que Moscovo é favorável a um trabalho discreto nos bastidores.
"Uma lista de condições para um cessar-fogo será elaborada separadamente", tal como foi "acordado em Istambul" em 16 de maio, durante as primeiras conversações russo-ucranianas desde 2022, acrescentou.
Peskov disse também que a Rússia ainda não recebeu qualquer proposta do Vaticano para mediar a guerra na Ucrânia, como foi sugerido pelo Papa Luís XIV.
Acrescentou que Moscovo acolhe com agrado a "vontade e disponibilidade" de todas as partes, segundo a agência de notícias italiana ANSA.
O Presidente russo, Vladimir Putin, fez na terça-feira uma visita surpresa à região fronteiriça de Kursk, que foi reconquistada às forças ucranianas em abril, após nove meses de combates em solo russo.
A viagem, anunciada apenas hoje pelo Kremlin, ocorreu um dia depois do telefonema entre Putin e o homólogo norte-americano, Donald Trump, que não conseguiu produzir uma trégua na Ucrânia.
Após o telefonema, Trump, que tinha prometido durante a campanha eleitoral acabar com o conflito em "24 horas", garantiu que Moscovo e Kyiv iriam "iniciar imediatamente negociações com vista" a uma trégua.
Putin disse que Moscovo vai propor a Kyiv que trabalhasse num memorando, uma fase preliminar, segundo o que explicou, para "um possível futuro tratado de paz".
Mas, até à data, não foi anunciado qualquer calendário e o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse na segunda-feira à noite que não sabia nada sobre esta nova ideia de um memorando.
Apesar da efervescência diplomática, o 'status quo' prevalece nesta fase, com cada lado a apresentar condições, que são inaceitáveis para o campo oposto.
Putin tinha afirmado que não desejava entrar num processo de paz enquanto uma parte do território russo estivesse ocupada por forças ucranianas, como na região de Kursk.
Após intensos combates e com a ajuda de um contingente de soldados norte-coreanos, o exército russo recuperou o controlo total da região em abril, após nove meses de combates.
Mas as negociações não resultaram, o que valeu críticas a Putin de Kyiv e dos aliados ocidentais de que estava a deixar arrastar o processo.
No terreno, as forças russas, que controlam quase 20% do território ucraniano, reivindicaram nos últimos dias um avanço na região de Donetsk (leste), epicentro dos combates, face a um exército ucraniano em retirada.
Um ataque de mísseis russos na terça-feira matou seis soldados ucranianos e feriu mais de uma dezena num campo de treino na região de Sumy (nordeste), segundo disse hoje a guarda nacional ucraniana.
O Ministério da Defesa russo afirmou ter atingido o local com um ataque de míssil balístico Iskander.
O Estado-Maior ucraniano reivindicou hoje a responsabilidade por um ataque que atingiu uma fábrica de semicondutores na região russa de Orel, na terça-feira à noite, uma reivindicação confirmada pelo governador regional.
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