África do Sul promete comprar aos EUA até mil milhões de gás natural

O governo da África do Sul indicou hoje que pretende comprar aos Estados Unidos (EUA) mais de 1.000 milhões de euros de gás natural liquefeito (GNL) no âmbito de um acordo para reforçar os laços comerciais bilaterais.

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Lusa
26/05/2025 22:59 ‧ há 2 dias por Lusa

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Num artigo publicado pela agência noticiosa governamental sul-africana, o ministro sul-africano da Presidência, Khumbudzo Ntshavheni, indicou que "a África do Sul vai importar entre 75 e 100 PJ (petajoules) por ano de gás natural liquefeito dos EUA durante dez anos, gerando cerca de 900 milhões a 1,2 mil milhões de dólares (790 milhões a 1,05 mil milhões de euros) em trocas comerciais por ano".

 

A publicação do artigo, citado hoje pela agência EFE, segue-se a um encontro tenso em Washington, na semana passada, entre o Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, e o seu homólogo norte-americano, Donald Trump.

Segundo Ntshavheni, o aumento das compras de GNL norte-americano "será complementado por investimentos norte-americanos em infraestruturas de gás na África do Sul", e o governo sul-africano irá trabalhar com Washington para "explorar áreas de cooperação em tecnologias-chave (...) para desbloquear a produção de gás na África do Sul".

"A África do Sul e os EUA vão negociar um acordo para facilitar as importações de GNL dos EUA ao preço certo. Isto não substituirá os nossos atuais fornecedores de gás, mas complementará esses fornecimentos", acrescentou o ministro.

A África do Sul obtém a maior parte do seu gás do vizinho Moçambique.

Ao abrigo do acordo proposto, a África do Sul poderá exportar 40.000 veículos por ano para os EUA com isenção de tarifas alfandegárias e terá acesso livre de tarifas a componentes automóveis destinados à indústria americana.

Ntshavheni referiu ainda que "a África do Sul é um fornecedor crucial de matérias-primas para muitas cadeias de abastecimento dos EUA".

"Os dois países irão colaborar no investimento em minerais críticos, reconhecendo as capacidades de processamento desenvolvidas pela África do Sul para promover o comércio de valor acrescentado", acrescentou.

Por seu lado, Ramaphosa disse na segunda-feira, na sua carta semanal, que a sua visita a Washington na semana passada procurou "lançar as bases para uma maior cooperação económica".

"O principal objetivo da nossa visita foi aprofundar a nossa parceria económica estratégica com os Estados Unidos, o nosso segundo maior parceiro comercial", afirmou.

Durante as conversações da semana passada na Sala Oval com o Presidente Cyril Ramaphosa, Trump mostrou um vídeo e artigos que pretendiam apoiar as suas acusações de "genocídio" dos sul-africanos brancos, mas que continham várias imprecisões.

As relações entre os dois países deterioraram-se desde que Trump chegou ao poder em janeiro, quando cortou a ajuda a Pretória, expulsou o embaixador sul-africano e ofereceu "refúgio" aos brancos que fugiam do que descreveu como "perseguição".

O ministro da Polícia sul-africano defendeu na sexta-feira que a África do Sul não está a enfrentar um "genocídio branco" e como uma distorção das estatísticas as alegações que a maioria das vítimas de assassínios em quintas são brancas.  

A teoria da conspiração do genocídio é "totalmente sem fundamento", disse Senzo Mchunu, rejeitando as acusações de Trump.

"A questão dos assassinatos no país sempre foi distorcida e relatada de forma desequilibrada", disse Mchunu, afirmando que "os homicídios nas explorações agrícolas sempre incluíram africanos (negros) e em maior número" do que os brancos.

"Não estamos a negar que os níveis de criminalidade no país são elevados", afirmou, mas isto "afeta todas as regiões, rurais e urbanas".

Os números de janeiro a março mostram uma queda de 12% no número de homicídios em comparação com o mesmo período do ano passado, com 5.727 pessoas mortas num país com uma população de mais de 64 milhões.  

A maioria das vítimas são jovens negros que vivem em zonas urbanas.

O gabinete do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos considerou "totalmente descabidas" as acusações feitas por Trump contra a África do Sul.

Leia Também: Moçambique arrecada 180 milhões com projeto de gás na bacia do Rovuma

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