Falando numa conferência sobre criptomoedas em Las Vegas, Vance pediu aos executivos e entusiastas destes ativos financeiros, que a Casa Branca tem promovido, que mantenham a pressão sobre o Congresso para aprovar legislação que permita o seu crescimento.
"Se não conseguirmos criar clareza regulatória agora, corremos o risco de expulsar esta indústria de 3 biliões de dólares que procura uma jurisdição amigável", afirmou Vance.
"Temos uma oportunidade única numa geração de libertar a inovação e usá-la para melhorar a vida de inúmeros cidadãos norte-americanos", adiantou.
A indústria das criptomoedas, que reagiu negativamente às tentativas de regulação da sua atividade pelo executivo do ex-Presidente Joe Biden, investiu na última campanha eleitoral em apoio a Donald Trump e a legisladores favoráveis à sua atividade.
Na campanha, Trump prometeu tornar os Estados Unidos a "capital das criptomoedas do planeta" e o setor retribuiu contribuindo com mais de 100 milhões de dólares (88 milhões de euros) para a sua reeleição.
Hoje, Vance elogiou a rapidez com que a indústria das criptomoedas conseguiu organizar-se e influenciar a política norte-americana durante as eleições do ano passado.
Destacou em particular Cameron e Tyler Winklevoss, os bilionários fundadores da corretora de criptomoedas Gemini.
"Vocês escolheram manifestar-se e envolver-se, e acredito que mudaram a trajetória do nosso país por causa disso", disse Vance à multidão reunida no Hotel Venetian.
Vance previu a contínua assimilação de criptomoedas no sistema financeiro e disse ser estrategicamente importante para os Estados Unidos serem líderes mundiais no setor, sublinhando que o governo chinês é hostil ao mesmo.
Além da defesa pública do setor, a família Trump tem-se envolvido em negócios altamente lucrativos com criptomoedas.
O Trump Media & Technology Group (TMTG), holding do Presidente norte-americano detentora da plataforma Truth Social, anunciou na quarta-feira que vai angariar 2,5 mil milhões de dólares (2,2 mil milhões de euros) para criar uma reserva de criptomoedas.
Em comunicado, a TMTG adiantou que está em negociações com cerca de 50 investidores para emitir ações no valor de cerca de 1,5 mil milhões de dólares e títulos no valor de 1.000 milhões de dólares, destinando-se o montante à compra de criptomoedas.
As criptomoedas serão incorporadas no balanço do grupo, que assim passará de 759 milhões de dólares (670 milhões de euros) para mais de 3,2 mil milhões de dólares (2,8 mil milhões de euros).
"Vemos o bitcoin como o instrumento definitivo de liberdade financeira e a Trump Media manterá a partir de agora as criptomoedas como parte central dos seus ativos", disse Devin Nunes, ex-congressista republicano que lidera o grupo.
Na semana passada, o Presidente dos Estados Unidos organizou mesmo um jantar à porta fechada para os 220 maiores detentores da sua criptomoeda, lançada poucas horas antes de tomar posse, no final de janeiro.
A criptomoeda 'meme' do Presidente ($TRUMP), que ao contrário de meios de pagamento tradicionais não tem garantia fiduciária de uma entidade financeira, é comercializada 'on-line' desde o início deste ano e a empresa de análise de blockchain Chainalysis calcula que desde então gerou mais de 320 milhões de dólares em taxas para os seus promotores.
Um acordo ético proíbe Trump de tomar decisões "quotidianas" na Trump Organization enquanto for Presidente e limita as informações financeiras sobre os negócios que podem ser partilhadas com ele.
A lei norte-americana não prevê exigência de divulgação para os compradores de moedas 'meme'.
Os críticos da incursão de Trump nas moedas 'meme', que incluem a oposição democrata, dizem que a natureza pseudónima da criptomoeda dá a oportunidade de tentar influenciar indevidamente o Presidente através da compra dos seus ativos digitais.
Uma 'start-up' lançada em setembro com o apoio da família Trump criou a sua própria criptomoeda tipo 'stablecoin', USD1, no final de março, que já foi utilizada pelo fundo dos Emirados MGX para adquirir uma participação de 2.000 milhões de dólares (1,76 mil milhões de euros) na bolsa de criptoativos Binance.
A Bitcoin, a criptomoeda mais negociada no mercado, atingiu na semana passada um novo máximo histórico, num contexto de fragilidade do dólar norte-americano e de dúvidas sobre o défice orçamental dos Estados Unidos.
Leia Também: Vance diz que soldados dos EUA só irão em missão com objetivos claros