O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, afirmou, esta quarta-feira, que é preocupante o facto do "senhor Putin, presidente da Federação Russa, ter anunciado uma mudança da doutrina nuclear". No entanto, revelou, "estamos com alguma confiança de que esse passo [uso de armas nucleares] não será dado".
O ministro confessou, em entrevista à RTP, que "a mudança da doutrina nuclear é, de facto, um ponto que merece grande censura e crítica" e que "deve ser tida em conta".
Paulo Rangel salientou que "há sem dúvida um agravar da tensão", mas que "estamos sempre a apelar à contenção e ao respeito pelo direito internacional", acrescentando que "neste caso, há um verdadeiro desrespeito evidente porque o agressor é a Rússia, porque a Rússia conhece os limites de uso das armas nucleares e, portanto, há aqui um facto que nos preocupa".
"O conflito está numa altura de grande tensão. Há uma mudança geopolítica", destacou o ministro, referindo que "julgamos que o risco nuclear estará excluído porque a própria federação russa terá noção de que isso seria um passo [...] grave que criaria um conflito de outro tipo".
Paulo Rangel mostrou-se confiante "de que esse passo não será dado" ressalvando que não é preciso "alarmar as pessoas". Embora o conflito tenha agravado, o chefe da diplomacia portuguesa frisou que "não significa que vamos entrar numa fase tão diferente da anterior"
"A nossa esperança, apelo e trabalho diplomático, em conjugação com os nossos parceiros da União Europeia e aliados da NATO, é no sentido de apelar à contenção e evitar uma escalada" na guerra da Ucrânia que "seria de facto extremamente preocupante", destacou.
Recorde-se que, no início da semana, Vladimir Putin assinou um decreto que alterava a doutrina nuclear. Isto aconteceu depois de a Ucrânia ter lançado mísseis de longo alcance para território russo, após o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ter autorizado o seu uso por parte do país ucraniano.
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