O presidente do novo Conselho Nacional para as Migrações e Asilo, António Vitorino, defendeu, em entrevista à Rádio Renascença e ao jornal Público, que "há várias modalidades possíveis" de regular a imigração em Portugal e aumentar a rede consular é uma delas.
Para o ex-comissário europeu o Governo deve ter "ousadia". A imigração qualificada como pretende o primeiro-ministro, Luís Montenegro, é precisa "mas não só", como demonstram os números. "40% da mão-de-obra na agricultura e pesca são de imigrantes", exemplifica, acrescentando que "não é preciso ter nenhum PhD, não é preciso nenhum doutoramento para preencher" postos de trabalho que necessitam de trabalhadores em Portugal, como é o caso dos lares de idosos, serviços domésticos, cuidados de crianças.
É necessário que o Executivo faça um esforço maior nas políticas de integração e na articulação com os países de origem de imigrantes, uma vez que "a existência de canais regulares de imigração é a forma mais eficaz de lutar contra a imigração clandestina e tráfico de seres humanos".
Sobre o mesmo tema, mas do ponto de vista da sociedade, António Vitorino considerou que não se pode "rotular como racistas e xenófobos todos os que se sentem desconfortáveis perante os fluxos migratórios porque num país como o nosso, mas na generalidade dos países de destino, conviver com a diversidade é um exercício às vezes difícil".
"Aprender que a nossa sociedade se está a transformar é uma aceitação difícil para muitas pessoas que estavam habituadas à sua zona de conforto. Isso significa que nós temos de ter uma estratégia de integração de imigrantes na sociedade portuguesa. E que o resultante dessa estratégia de imigração tenha de ser o reforço da coesão da sociedade. Exige um esforço permanente. E exige sobretudo que nos dediquemos aos sítios onde essa questão se joga mais permanentemente: os locais de residência, em que temos uma crise de habitação; o local de trabalho e as escolas", atirou.
Já sobre a a guerra na Ucrânia, o ex-comissário europeu mostrou não ter dúvidas de que a autorização de Joe Biden para a Ucrânia usar mísseis de longo alcance peca por "tardia".
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