Famílias que vão ser despejadas em Loures fazem vigília na quarta-feira

As famílias que vão ser despejadas de habitações precárias e ilegais no concelho de Loures realizam na quarta-feira uma vigília junto à Câmara Municipal para exigir uma alternativa habitacional, disse esta terça-feira à Lusa um representante do movimento Vida Justa.

Notícia

© Global Imagens

Lusa
28/01/2025 21:54 ‧ ontem por Lusa

País

Loures

Em causa está a retirada de 99 pessoas que viviam em 15 casas autoconstruídas e em nove apartamentos num bairro clandestino da freguesia de Santa Iria da Azoia, em Loures, no distrito de Lisboa.

 

Este bairro localiza-se na Rua das Marinhas do Tejo, junto à fábrica da Sidul, na Estrada Nacional 10.

A retirada das famílias destas habitações precárias e ilegais esteve prevista para o início de dezembro do ano passado, mas a Câmara de Loures, que está a acompanhar a situação destes moradores, a maioria imigrantes, estendeu o prazo até ao final deste mês.

Em declarações à agência Lusa, Gonçalo Filipe, do movimento Vida Justa, referiu que as famílias estão descontentes com o apoio que a autarquia está a dar e que, por isso, vão levar a cabo na quarta-feira uma vigília à porta da Câmara de Loures para exigir uma alternativa habitacional, a poucos dias de terminar o prazo para abandonarem as habitações.

A vigília dos moradores da Rua das Marinhas do Tejo está agendada para as 16:30.

"Será uma última tentativa de os moradores conversarem com a Câmara antes dos despejos. Têm de encontrar uma solução para estas famílias", sublinhou Gonçalo Filipe.

Segundo explicou o ativista, a ajuda que tem sido prestada pelos serviços da Câmara de Loures "tem sido bizarra", uma vez que as famílias se sentem "desamparadas".

"Os assistentes têm imprimido ou enviado por email anúncios do Idealista e do OLX para as pessoas contactarem os senhorios. São incapazes de fazer uma ponte. Os senhorios não querem alugar casa a pessoas em situação de precariedade", argumentou.

Por sua vez, contactada pela Lusa, a vice-presidente da Câmara de Loures, Sónia Paixão (PS), adiantou que vai ser prolongado o prazo para a retirada das famílias por mais oito dias, assegurando que autarquia tem vindo a fazer tudo para ajudar estas famílias a encontrar uma alternativa habitacional, no mercado privado de arrendamento.

"Estabelecemos com elas acordos de intervenção social, em que passamos a responsabilidade para as famílias, efetivamente, para que encontrassem soluções, quer na proposta de procura de alternativa de apoio habitacional, quer na procura de trabalho", indicou a autarca.

Sónia Paixão, que também detém o pelouro da Habitação, ressalvou que será impossível atribuir uma casa municipal a estas famílias, uma vez que "existe uma longa lista de espera" por parte de pessoas em situação de "maior vulnerabilidade social".

"Ajudámos a fazer alguma pesquisa, mas têm que ser os próprios a envidarem todos os esforços para resolver um problema que eles próprios o criaram, não nos esqueçamos disto", apontou.

A autarca adiantou ainda que a Câmara de Loures se reuniu com o embaixador de São Tomé e Príncipe para "partilhar todo o acompanhamento que tem vindo a levar a cabo junto destas famílias, todas elas oriundas deste país africano de língua oficial portuguesa.

"O senhor embaixador propôs ser nosso parceiro nesta situação específica, em mediar a relação com os seus concidadãos, em levar esta perspetiva da Câmara de solucionar o problema", referiu.

Questionada sobre a realização da vigília, Sónia Paixão teceu algumas críticas aos métodos utilizados e acusou "algumas plataformas" de utilizar a "vulnerabilidade das famílias para poder vingar os seus pontos de vista".

"Eu não resolvo os assuntos com vigílias nesta Câmara Municipal. Não tive nenhum pedido dos moradores em termos de organização para fazerem uma reunião com a Câmara Municipal. Lamento que, efetivamente, algumas plataformas estejam a utilizar a vulnerabilidade destas famílias para poder vingar os seus pontos de vista, que devem ser trilhados e trabalhados noutro patamar, que não é o patamar da esfera municipal", atestou.

De acordo com a associação Vida Justa, que denunciou e está a acompanhar este caso, entre estes moradores que vão ser despejados estão 21 crianças, quatro pessoas doentes e uma mulher grávida.

Leia Também: GNR apreende em Loures duas viaturas que foram furtadas em França

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas