Dez anos após ter dado início ao megaprocesso Tutti-Frutti, o Ministério Público (MP) acusou, na terça-feira, 60 arguidos - 49 pessoas e 11 entidades - de 463 crimes.
O anúncio caiu que nem uma bomba entre os partidos políticos - nos seus membros ainda em cargos públicos. E os estilhaços atingiram os dois maiores partidos da atualidade, com renúncias e suspensões de mandatos (e pedidos delas) a caminho.
Ainda no dia de ontem, o deputado do PSD Luís Newton anunciou o seu pedido de suspensão do mandato como parlamentar.
Algo que o líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, também espera, como disse hoje aos jornalistas, que o deputado (e arguido do processo) Carlos Eduardo Reis faça.
"Creio que as condições imediatas para o exercício do mandato não estão reunidas e espero que o senhor deputado Carlos Eduardo Reis possa também ele suspender o exercício do seu mandato", atirou.
Também esta quarta-feira, a vereadora do PS na Câmara Municipal de Lisboa, Inês Drummond, anunciou a renúncia ao mandato, por ser também uma das arguidas. Apesar disso, a ex-presidente da Junta de Freguesia de Benfica garante estar "muito tranquila".
Entre os restantes arguidos estão várias outras pessoas ligadas ao PS e PSD, como é o caso do ex-deputado 'laranja' Sérgio Azevedo, do ex-deputado municipal social-democrata Rodrigo Gonçalves da Silva, do presidente da Junta de Freguesia de Santo António, Vasco Morgado (PSD), de Ângelo Pereira [que também já suspendeu o mandato], vereador da Câmara Municipal de Lisboa (PSD), de Fernando Manuel Braamcamp, do presidente da Junta de Freguesia do Areeiro (PSD), de Ana Sofia Soares da Silva Figueiredo, do ex-presidente da Junta de Freguesia da Penha de França (PS), de Rui Paulo Figueiredo, do deputado municipal da AML (PS) e da Assembleia da República, entre outros.
Recorde-se que, na operação Tutti-Frutti, são investigados favorecimentos a militantes do PS e do PSD através de avenças e contratos públicos.
A investigação nasceu de uma denúncia anónima, feita em 2015, no portal informático das queixas da Procuradoria-Geral da República.
Os visados respondem por 463 crimes de corrupção ativa e passiva, prevaricação, tráfico de influência, branqueamento, burla qualificada, falsificação de documento, abuso de poder e recebimento indevido de vantagem, algum dos quais na forma agravada.
A investigação arrastou-se durante uma década, alegadamente por falta de meios, mas também porque se tratava de um processo de grande complexidade.
[Notícia atualizada às 20h15]
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