Há 9 focos de gripe das aves em Portugal. O que fazer e quais os riscos?

Numa altura em que o ministro da Agricultura pede "máximo cuidado" e a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) alerta que é necessário manter a vigilância, fique a par do que fazer para prevenir um foco de gripe das aves e quais os perigos para os humanos.

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© REUTERS/Nick Oxford

Márcia Guímaro Rodrigues
12/02/2025 10:44 ‧ há 3 horas por Márcia Guímaro Rodrigues

País

Gripe das aves

O ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, revelou, na terça-feira, que há nove focos de gripe das aves - cinco domésticos e quatro selvagens - em Portugal e pediu "máximo cuidado" para impedir maior propagação da doença. Anteriormente, também a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) afirmou que, apesar de não haver registo de infeção em humanos, é necessário manter a vigilância para proteger os trabalhadores. Mas, afinal, o que é a gripe das aves, como pode afetar os humanos e o que pode ser feito?

 

Segundo a DGAV, trata-se de uma "doença causada por vírus Influenza A que habitualmente provoca a morte das aves afetadas, quer domésticas, quer selvagens". Estes vírus, "embora adaptados às aves, podem transmitir-se ocasionalmente a humanos e a outros mamíferos".

"A transmissão a humanos pode ocorrer quando as pessoas têm contactos diretos e estreitos com animais infectados pelo vírus", explicou a DGAV. 

Que perigos existem para os humanos? E quais os sintomas?

De acordo com a DGAV, apesar de algumas estirpes virais de gripe das aves serem "transmissíveis aos humanos", para que tal aconteça, é "normalmente necessária a ocorrência de contactos próximos entre as pessoas e as aves infetadas". 

"Não existem evidências de transmissão aos seres humanos através do consumo de carne de aves e ovos", frisou a entidade.

A transmissão do vírus para humanos acontece raramente, tendo sido reportados casos esporádicos em todo o mundo. Contudo, quando ocorre, a infeção pode levar a um quadro clínico grave.

Também a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) explica que o vírus "tal como agora se conhece, não representa quaisquer riscos de pandemia dada a sua difícil transmissibilidade a humanos e entre humanos".

No entanto, em caso de infeção, o período de incubação "é de cerca de dois a quatro dias, embora se conheçam casos que vão até aos oito dias". 

"Os sintomas iniciais da doença são febre alta (tipicamente superior a 38ºC) acompanhada de rinite aguda, conjuntivite, faringite ou pneumonia. Nalguns casos, também foram referidos diarreia, vómitos, dores abdominais, sangramento do nariz ou encefalite", explicou a ASAE, acrescentando que, no período inicial, a infeção "não é facilmente distinguível de outros tipos de pneumonia, gastroenterite aguda, ou encefalite aguda".

"É preocupante a infeção de espécies em contacto próximo com humanos"

Lisa Kohnle, responsável científica da Unidade BIOHAW da Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA), é convidada desta quinta-feira do Vozes ao Minuto.

Márcia Guímaro Rodrigues | 09:02 - 16/01/2025

Tenho ou trabalho numa exploração avícola. O que fazer para evitar o contágio?

Todas as pessoas que entram em explorações avícolas "devem cumprir as medidas de biossegurança", incluindo trabalhadores, médicos veterinários, técnicos e pessoal da manutenção e visitantes.

Para evitar o contágio entre aves, os produtores devem proteger as "janelas dos pavilhões com redes à prova de aves e os ventiladores com grelhas", além de manter a "exploração vedada e a entrada fechada por portão com equipamento para desinfeção de veículos".

Além disso, é necessário colocar "meios de desinfeção de calçado à entrada da exploração e de cada um dos pavilhões" e ter "roupa e calçado para uso exclusivo na exploração". Segundo a DVAG, "os trabalhadores da exploração não devem ter capoeiras domésticas".

Quando compra aves, deve garantir que as adquire em estabelecimentos registados e aprovados. Se forem importadas, devem ter certificado sanitário.

Após a deteção de gripe das aves, devem ser eliminados "todos os resíduos, incluindo cadáveres e camas usadas, de forma segura" e ser feita a "limpeza e desinfeção seguidas de vazio sanitário após cada ciclo de produção". É também importante manter o espaço envolvente, vias de acesso e parques exteriores limpos.

Se suspeitar de gripe das aves, deve alertar os serviços da DGAV, o seu médico veterinário ou o médico veterinário municipal.

Tenho uma capoeira. Há perigo de infeção?

Segundo explica a DGAV, "o vírus poderá entrar na sua capoeira de várias maneiras", incluindo através de contacto direto ou por contaminação do ambiente com fezes de aves selvagens, pela entrada de aves domésticas ou de outros animais de explorações contaminadas, por pessoas que entrem na capoeira após contacto com aves infetadas ou pelo contacto das aves com água e estrume contaminados.

Para garantir a saúde das aves, deve assegurar que têm "acesso a água e alimentos adequados" e que "vivem em instalações em bom estado de conservação e que são limpas regularmente".

Deve também manter as aves num local protegido, guardando as aves numa zona vedada, separando-as por espécies e colocando cal em pó à volta do galinheiro, e colocar as entradas na capoeira.

Como saber se as aves estão infetadas com o vírus?

Deve estar atento à "morte repentina de várias aves saudáveis, em menos de 24 horas" ou à "morte repentina, durante vários dias, de várias aves". "Um grupo de 50 galinhas, no 1.º dia morrem 3 aves, no 2.º dia morrem mais 3, no 3.º dia morrem outras 4 aves, e por aí fora", exemplifica a autoridade.

Há outros sintomas a ter atenção como cabeça inchada, crista e barbilhões azulados, plumagem eriçada, diarreia, diminuição do apetite e redução da produção de ovos.

Onde foram registados os focos de gripe das aves?

Entre outubro de 2024 e janeiro de 2025, foram confirmados nove focos de gripe das aves de alta patogenicidade. Segundo informação da DGAV, foram registados nos distritos de Faro, Aveiro, Faro, Lisboa e Leiria.

Os casos mais recentes foram detetados no final de janeiro numa exploração de galinhas, patos e gansos no concelho de Albergaria-a-Velha, em Aveiro, e numa ave selvagem nas Caldas da Rainha, em Leiria.

Notícias ao Minuto Focos de gripe das aves em Portugal© DGAV

Leia Também: Gripe das aves detetada em Aveiro e Leiria

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