"Só espero que o Parlamento tome as medidas que tem de tomar, confirmando o diploma com maioria absoluta, para que ainda seja promulgado pelo Presidente da República", afirmou Rui Raimundo à agência Lusa.
Apesar de já não se poder voltar a candidatar, Rui Raimundo admitiu que o que o está a incomodar mais nesta situação é o facto de quem já estava a trabalhar nas listas para as próximas eleições autárquicas ter de voltar atrás com a sua palavra e desconvidar pessoas.
"É muito complicado para as pessoas que estão a liderar o processo para serem candidatas às juntas, porque já estavam a trabalhar a nível da separação das freguesias, convidando pessoas, com listas praticamente formalizadas e pessoalmente faladas e escolhidas", contou Rui Raimundo.
No caso Tarouca e de Dalvares "já havia candidatos a uma e a outra freguesia e as listas [do PSD] estavam praticamente fechadas", acrescentou.
O autarca lembrou que se trata de freguesias pequenas do concelho de Tarouca (distrito de Viseu), onde a palavra tem muito valor, e questionou "como é que se chega ao pé de uma pessoa e se diz 'afinal já não conto contigo'".
O parlamento aprovou em 17 de janeiro a reposição de 302 freguesias por desagregação de 135 uniões de freguesias criadas pela reforma administrativa de 2013.
O Projeto de Lei teve os votos a favor dos proponentes PSD, PS, BE, PCP, Livre e PAN, e ainda do CDS-PP, o voto contra da Iniciativa Liberal e a abstenção do Chega.
Numa nota publicada na quarta-feira no sítio oficial da Presidência da República na Internet, Marcelo Rebelo de Sousa questionou "a capacidade para aplicar as consequências do novo mapa já às eleições autárquicas de setembro ou outubro deste ano, daqui a pouco mais de seis meses" e afirmou que esta foi a questão "decisiva" para o seu veto.
Para Rui Raimundo, o argumento usado pelo Presidente da República "é descabido, uma vez que a lei diz que o processo tem de estar finalizado com seis meses antes".
"Estamos a oito meses, qual é o problema? Aprovou e agora discorda do que aprovou? Não faz grande sentido", frisou, acrescentando que "as pessoas que estão no terreno são as menos culpadas disto tudo e são as que, se o processo não for avante, irão levar mais carga em cima".
No concelho de Tarouca, também a União de Freguesias de Gouviães e Ucanha integra a lista de uniões de freguesias ou freguesias que estava previsto serem desagregadas ou cederem território para que freguesias extintas pudessem ser repostas na situação em que estavam antes da reforma administrativa de 2013.
A Lusa tentou, mas em vão, um comentário do presidente da União de Freguesias de Gouviães e Ucanha, João Félix, ao veto de Marcelo Rebelo de Sousa.
A reforma administrativa de 2013 reduziu 1.168 freguesias do continente, de 4.260 para as atuais 3.092, por imposição da 'troika' em 2012.
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