A inauguração da exploração há cinco anos tinha prevista a presença do então primeiro-ministro, António Costa, para uma vista à concessão da Mua, que só não aconteceu devido ao "fecho do país" em consequência da Covid-19.
As minas de Torre de Moncorvo foram a maior empregadora da região na década de 1950, chegando a recrutar 1.500 mineiros.
A exploração de minério foi suspensa em 1983, com a falência da Ferrominas, e o ferro foi esquecido até que a MTI - Minas de Ferro de Torre de Moncorvo, uma empresa de capitais nacionais e estrangeiros, ganhou, em 2008, os direitos de prospeção e pesquisa e, em 2011, foi-lhe atribuída pelo Governo a concessão de exploração durante 60 anos, até 2070.
Alguns dos momentos mais marcantes deste processo:
11 de dezembro de 2012
A MTI Ferro de Moncorvo avançava que pretendia atingir três milhões de toneladas por ano com a exploração de agregado de minério de ferro prevista para o concelho transmontano de Torre de Moncorvo.
24 de maio de 2013
A MTI anunciava que os trabalhos de prospeção em curso na serra do Reboredo, Torre de Moncorvo, mostravam "resultados promissores" pela qualidade das amostras de minério de ferro recolhidas.
03 de novembro de 2014
O presidente da Câmara de Torre de Moncorvo, Nuno Gonçalves, denunciava que o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) das minas de ferro estava "parado" para apurar se os morcegos que habitam o local "hibernam ou invernam".
Em declarações à Lusa, o autarca social-democrata atribuiu a situação à posição que classificou de "preciosista" do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), que pretenderia averiguar se os morcegos permanecem no local ou se deslocam para outras paragens.
13 de novembro de 2015
O Ministério do Ambiente indicava que a proposta de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) para a exploração mineira em Torre de Moncorvo teve um parecer "Favorável Condicionado".
01 de agosto de 2019
O Relatório de Conformidade Ambiental da reativação das minas de ferro de Moncorvo concluía que o projeto assegurava a "proteção das diversas vertentes ambientais", pelo que havia "condições para garantir o cumprimento" das medidas da Declaração de Impacte Ambiental.
05 de novembro de 2019
A Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) autorizava o "controlo da mina" de ferro de Torre de Moncorvo pela Aethel Mining, revelava a empresa, que espera colocar Portugal numa "posição de liderança na mineração europeia".
Em comunicado, a Aethel Partners revelava que a Aethel Mining Limited, uma "empresa britânica detida exclusivamente" pelo português Ricardo Santos Silva e a americana Aba Schubert, "recebeu aprovação da DGEG para assumir o controlo da mina de Moncorvo".
17 de janeiro de 2020
O presidente da Câmara de Torre de Moncorvo, Nuno Gonçalves, avançava ter tido a garantia da empresa concessionária de que a exploração de minério de ferro no concelho seria retomada a 01 de março.
02 de março de 2020
O presidente da Câmara de Moncorvo congratulava-se com a presença do então primeiro-ministro António Costa na apresentação do projeto mineiro previsto para o concelho, após ter lamentado a ausência de governantes durante a iniciativa "Governo Mais Próximo", que decorreu em Bragança.
Esta visita de Costa não chegou porém a acontecer devido "fecho do país" devido à pandemia Covid-19.
13 de março de 2020
Após 37 anos de abandono, a atividade mineira estava de regresso ao concelho de Moncorvo pela iniciava da Aethel Mining, com um investimento previsto de 550 milhões de euros para 60 anos.
06 de fevereiro de 2024
O projeto de execução da fase definitiva de exploração das minas de ferro de Torre de Moncorvo, a cargo da Aethel Mining e com investimento estimado de 550 milhões de euros, foi chumbado pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA).
Na altura e segundo a informação presente no 'site' da APA, foi proferida, sobre o Relatório de Conformidade Ambiental do Projeto de Execução (RECAPE) da fase definitiva do projeto no distrito de Bragança, uma decisão de "não conformidade" com a Declaração de Impacte Ambiental (DIA) favorável, que foi emitida em fase anterior.
Na sequência do 'chumbo', a Aethel reafirmou o seu compromisso com o projeto mineiro de Torre de Moncorvo e rejeitou um cenário de venda da exploração.
31 de janeiro de 2025
A Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) avançava que a empresa proprietária das minas de ferro, no concelho de Torre de Moncorvo, não estava a desenvolver atividade operacional na área da concessão nem apresentou programa de trabalhos para 2025.
31 de janeiro de 2025
O presidente Câmara de Torre de Moncorvo, José Meneses, acusava a Direção Geral de Energia e Geológicas (DGEG) de falta de informação no processo de exploração mineira levada a cabo na Mua, apesar das várias solicitações.
"Logo que tomei posse em janeiro de 2024 como presidente da Câmara de Torre de Moncorvo, em regime de substituição, uma das preocupações que tive foi solicitar à DGEG informação sobre o processo de exploração mineira com questões muito concretas sobre a concessionária e todo o processo e as informações foram sempre escassas", indicou à Lusa o autarca social-democrata.
04 de fevereiro de 2025
A Aethel Mining afirmava querer "reforçar e expandir a atividade" das minas de Torre de Moncorvo este ano, após a Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) dar nota de falta de planos e de atividade operacional.
12 de fevereiro de 2025
A Aethel Mining, concessionária das minas de Torre de Moncorvo, admitia que está a fazer uma "reavaliação estratégica" do projeto, mas reafirmando o seu "compromisso inabalável" com o mesmo e negando a venda, após se observar inatividade na mina.
A empresa já tinha afirmado, num primeiro comentário enviado à Lusa após a Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) dar nota de falta de planos e de atividade operacional, querer "reforçar e expandir a atividade" na mina.
Leia Também: Minas de Moncorvo paradas cinco anos após 1ª fase de exploração.