Após o polémico debate que resultou no chumbo da moção de confiança - e consequente queda do Governo -, as acusações 'saíram' do hemiciclo para outras esferas, nomeadamente para o Conselho Nacional do Partido Nacional Democrata (PSD).
Foi no âmbito do encontro do PSD, que decorreu na noite de quarta-feira, que José Pedro Aguiar-Branco - também presidente da Assembleia da República (PAR) - atacou, simultaneamente, o Partido Socialista (PS) e o Chega.
Segundo o que avançou então o Observador, Aguiar-Branco disse: "O Chega inventou a técnica, o PS institucionalizou. Pedro Nuno Santos fez pior à democracia em seis dias do que André Ventura em seis anos".
Aguiar-Branco interpretou o chumbo da moção de confiança, na terça-feira, como um ataque ao "regime" e apontou também o dedo a comentadores de política como Daniel Oliveira e Pedro Marques Lopes.
Dos esclarecimentos "à porta fechada" às reações do PS e Chega
Já esta quinta-feira, Aguiar-Branco foi questionado pelos jornalistas durante uma visita à Bolsa de Turismo de Lisboa acerca das declarações feitas. "Ontem fiz uma intervenção enquanto militante do PSD no órgão próprio e à porta fechada. Não tenho mais nada a dizer", referiu.
Entretanto, Pedro Nuno Santos rejeitou qualquer conflito institucional ou pessoal com o presidente do parlamento após declarações que considerou menos felizes numa reunião partidária, compreendendo a zanga dos dirigentes do PSD que só se "podem queixar de si próprios".
"Nós estamos numa situação difícil, ela é particularmente difícil para o PSD e percebo que alguns dirigentes do PSD estejam zangados e neste quadro, numa reunião partidária, possam fazer declarações que não sejam, na opinião, as mais felizes, mas temos que saber contextualizar e seguir em frente, sem dar excessiva importância a algumas declarações que vamos ouvindo", desvalorizou.
Também em reação a esta situação, a socialista Marina Gonçalves disse: "Tendo em conta que é precisamente este presidente da Assembleia da República que tem normalizado comportamentos antidemocráticos, que num fórum partidário faz aquele tipo de afirmação, eu só consigo ver isso ou da normalização de uma Direita mais alargada ou, que também pode ser complementar, num taticismo político e num jogo político concentrados apenas em agarrar o poder", afirmou, acrescentando que estas declarações surgem de quem "tem sido o garante da instabilidade no Parlamento, o garante de um comportamento por parte de alguns grupos parlamentares que é completamente contrário ao estado de direito democrático."
Já o líder do Chega, André Ventura, comentou, à saída do Conselho de Estado, que o PAR tem prestado "um mau serviço à democracia, quando deve ser o presidente de todos os partidos representados no Parlamento".
Ventura reforçou ainda que Aguiar-Branco "acabou por prestar um sermão" tanto ao Chega quanto ao PS, tendo acabado por "respaldar a falta de escrutínio" existente. Ventura acrescentou que lamentava que Aguiar-Branco tenha "seguido esse caminho".
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