Autarcas do Médio Tejo reiteram rejeição a novo açude no Tejo

Os autarcas do Médio Tejo reiteraram hoje a sua posição "contra a construção de um novo açude" no Tejo, alertando para os prejuízos que causaria em temos económicos, turísticos e ambientais, tendo defendido a barragem do Alvito como solução.

Notícia

© Wikimedia Commons

Lusa
15/03/2025 20:57 ‧ há 1 hora por Lusa

País

barragem do Alvito

"O que esteve sempre em cima da mesa, e que são expectativas dos autarcas desta região toda, desde a Lezíria até à Beira Baixa, era a construção da barragem do Alvito, para que, de forma autónoma e não ficando dependente de Espanha, se constituiria como uma barragem com capacidade de armazenamento para quando há muita água e depois largar quando o rio Tejo tem necessidade", disse hoje à Lusa, em Constância, o presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Médio Tejo, entidade que agrega 11 municípios do distrito de Santarém.

 

Manuel Jorge Valamatos (PS), que também preside à Câmara de Abrantes, esteve hoje numa sessão de esclarecimento organizada por autarcas, ambientalistas e empresários, que encheu o salão nobre do município de Constância, tendo lembrado que o que estava em causa com a ideia de construção de um novo açude no Tejo, na zona entre Constância e Barquinha, era um projeto incluído na estratégia "Água que une", recentemente apresentada pelo Governo, tendo criticado a ausência de esclarecimentos aos municípios e respetivas comunidades.

"Os autarcas são a voz dos cidadãos e se tivéssemos sido consultados teríamos ouvido os nossos cidadãos, as nossas instituições, as dinâmicas dos nossos concelhos e tínhamos manifestado o nosso entendimento. Isso não foi feito, apareceu um estudo para nos pronunciarmos à última da hora e, como é evidente, fugindo daquilo que eram as nossas grandes expectativas, que era a barragem do Alvito", declarou.

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, afirmou no domingo, em Coimbra, que a estratégia para a gestão da água terá um investimento de 5 mil milhões de euros até 2030.

A estratégia "Água que Une", que inclui um total de 294 medidas, prevê o estudo e construção de novas barragens e de novos "empreendimentos de fins múltiplos", entre eles o projeto de valorização agrícola dos recursos hídricos do Vale do Tejo e Oeste, que implica a constituição do Empreendimento de Fins Múltiplos do Médio Tejo, com um investimento previsto de 1.350 milhões de euros e a construção de um açude em 'Constância Norte', o que surpreendeu os autarcas locais.

"Fomos surpreendidos com a construção deste açude aqui em Constância, que põe em causa a vida dos cidadãos, das comunidades e dos seus autarcas. Os presidentes das câmaras de Constância e da Barquinha, de forma muito determinada [...], estão absolutamente contra e a comunidade intermunicipal está solidária. Achamos que o açude não faz qualquer sentido", vincou Valamatos, tendo insistido nas mais-valias da barragem do Alvito.

"A barragem do Alvito, no rio Ocreza, foi apresentada pelo Ministério do Ambiente como uma excelente solução para os períodos em que havia escassez de água no Ribatejo, que teria uma linguagem multifuncional, mas onde o grande objetivo era colocar no Ribatejo a água bastante para colmatar ou mitigar a ausência de água que vem de Espanha, e é essa barragem que faz sentido", vincou.

Se os empresários e ambientalistas apontaram hoje a "impactos negativos no turismo natureza, na fauna, na flora", e na importância de um Tejo "livre de açudes e barreiras para preservar a biodiversidade e a dinâmica ribeirinha", os autarcas de Constância e Barquinha apontaram a uma cota de 20 metros que iria inundar a praia fluvial de Constância, assim como parte do trilho panorâmico do Tejo, e condicionar o próprio acesso ao castelo de Almourol, edificado numa ilhota no rio e que ficaria sem água à sua volta.

Leia Também: Associação Zero afirma "forte oposição" à construção de açude no Tejo

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas