"Existe um estado muito positivo nas relações. O facto de ter havido esse hiato não desacelerou o interesse que ambos os países têm na sua relação bilateral", disse, após reunir-se com o homólogo chinês, Wang Yi.
O ministro português iniciou hoje uma visita de quatro dias ao país asiático, que põe termo a mais de cinco anos sem visitas de alto nível de Portugal a Pequim, numa altura de reconfiguração da ordem internacional.
As visitas de altos funcionários do Governo português a Pequim realizavam-se com frequência quase mensal, até ao final de 2019, mas foram interrompidas pela pandemia da covid-19, que levou ao encerramento das fronteiras da China.
No entanto, a ausência de deslocações prolongou-se mesmo depois da reabertura das fronteiras da República Popular, em janeiro de 2023, e da visita a Portugal do vice-presidente chinês, Han Zheng, em maio desse ano.
Paulo Rangel justificou a ausência de visitas com "alguma instabilidade governativa em Portugal", recusando qualquer mal-estar nas relações, apesar da aproximação de Pequim a Moscovo, no contexto da invasão russa da Ucrânia, e da decisão de Lisboa de excluir fornecedores chineses das redes 5G, nomeadamente a gigante tecnológica Huawei.
"A nossa relação com a China é bilateral. Não está dependente das circunstâncias geopolíticas de cada momento, ainda que possam ser relevantes, em termos de mudanças de orientação, que achemos que possam ter impacto de médio ou longo prazo, e não apenas de curto prazo", descreveu.
Sobre a possibilidade de a posição antagónica do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em relação à aliança transatlântica poder revitalizar o diálogo entre Portugal e China, o ministro português foi claro: "o diálogo com a China não depende da situação nos Estados Unidos".
"A relação com a China tem 500 anos. Nos últimos 45 anos teve um grande desenvolvimento, aprofundamento e enriquecimento. O modelo de transição de Macau foi um modelo exemplar. Depois disso, criou-se esta relação estratégica", disse.
Este ano marca o 20º aniversário da parceria estratégica abrangente China -- Portugal.
A China tornou-se, na última década, o quarto maior investidor direto estrangeiro em Portugal. Empresas chinesas, estatais e privadas, detêm uma posição global avaliada em 11,2 mil milhões de euros na economia portuguesa, segundo o Banco de Portugal (BdP). Os investimentos abrangem as áreas de energia, banca, seguros ou saúde.
Em 2018, os dois países assinaram um memorando de entendimento sobre a iniciativa "Faixa e Rota", um megaprojeto de infraestruturas lançado por Pequim que visa expandir a sua influência global através da construção de portos, linhas ferroviárias ou autoestradas.
[Notícia atualizada às 12h22]
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