"Portugal é um país antigo, mas o Português é a língua do futuro", afirmou o chefe da diplomacia portuguesa, num auditório com mais de cem alunos da Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim ('Beiwai').
"É a língua mais falada no hemisfério sul e, até 2100, haverá mais de 600 milhões de falantes de Português", previu Rangel, frisando ainda o peso económico dos países e regiões de língua oficial portuguesa, que estimou terem um PIB conjunto de três biliões de euros.
"A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) seria o sexto maior bloco económico do mundo", explicou.
A mais antiga licenciatura em língua portuguesa da República Popular da China foi criada em 1961, precisamente na Beiwai. Durante quase vinte anos, aquele curso foi o único do género no país e, até ao final da década de 1990, surgiu apenas mais um, em Xangai.
No entanto, o ensino do Português no continente chinês registou um crescimento acelerado nos últimos 25 anos, alimentado pela evolução das trocas comerciais entre a China e a lusofonia, que só em 2024 se cifraram em mais de 225 mil milhões de dólares (quase 208 mil milhões de euros), gerando uma crescente necessidade em formar quadros chineses para trabalhar com os países da CPLP.
Hoje, não contando com Macau e Hong Kong, há mais de 50 universidades chinesas que ensinam português, incluindo como licenciatura ou disciplina opcional, abrangendo mais de 4.300 estudantes, segundo dados do Instituto Português no Oriente.
Paulo Rangel partilhou com os estudantes da Beiwai quais são os seus três escritores portugueses favoritos: Luís de Camões, Fernando Pessoa e Padre António Vieira.
"Camões foi um génio. Voltou ao Latim e trouxe novas palavras para o português. Deu à língua uma sintaxe muito mais complexa, enriquecendo-a", contou.
Citando Fernando Pessoa, o diplomata afirmou que "as nações são todas mistérios/ Cada uma é todo o mundo a sós", para explicar que "não há razão para um país não entender os outros", visto ter dentro de si a heterogeneidade que existe no mundo.
Paulo Rangel pediu ainda às autoridades chinesa que promovam mais o ensino do Chinês além-fronteiras, particularmente na CPLP, lembrando a sua carreira como eurodeputado.
"Foi uma experiência única para compreender os outros", afirmou.
Questionado pelos alunos sobre a sua visão da China, o ministro português disse associar o país à História da humanidade.
"Todas as civilizações antigas surgiram e desapareceram, mas a China e a sua matriz civilizacional continuam aqui", observou. "É uma cultura que acompanhou toda a História da humanidade".
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