O coronel Carlos Matos Gomes, que fez parte do movimento Capitães de Abril, responsável pela Revolução dos Cravos do 25 de Abril de 1974, morreu este domingo, aos 78 anos, avançou a filha, no Facebook.
"A todos os amigos e seguidores do meu pai, Carlos Matos Gomes, é com profunda tristeza que informo que faleceu hoje, 13 de abril, no Hospital Cuf Tejo. Partiu sereno e com músicas de Abril. Direi por aqui todos os pormenores sobre as cerimónias que se seguem. Grata a todos pelo carinho e admiração que tinham por ele", pode ler-se na página de Facebook de Carlos Matos Gomes, numa publicação escrita pela familiar.
Carlos Matos Gomes tinha publicado, há um ano, o livro 'Geração D', em nome próprio, que fala sobre os jovens baby boomers portugueses que, após o fim da II Guerra Mundial, desbravaram o caminho que conduziu ao fim da mais longa ditadura europeia.
A "Geração D", explicou, é a geração da "Democracia, da Deserção, da Descolonização, das Doutrinas e do Doutrinar, da Discussão, da Dialética, do Desmistificar, do Desmobilizar, da Denúncia, da Desobediência, do Divórcio", a geração que "viveu sob um regime de 'doidos do império'" e dele se libertou.
Sob o pseudónimo de Carlos Vale Ferraz, Matos Gomes publicou vários livros sobre a temática da Guerra Colonial, entre eles, "Nó Cego", "A Última Viúva de África" e "Os Lobos não Usam Coleira" (1995), que foi adaptado ao cinema por António-Pedro Vasconcelos, "Os Imortais" (2003).
Em 2020, com o seu camarada de armas Aniceto Gomes, publicou o ensaio "Guerra Colonial".
O coronel nasceu a 24 de julho de 1946, em Vila Nova da Barquinha. Estudou no Colégio Nun’Álvares, em Tomar, onde viria a conhecer Salgueiro Maia, de quem ficou amigo desde os 11 anos.
Foi oficial do Exército, tendo cumprido comissões em Angola, Moçambique e na Guiné-Bissau.
[Notícia atualizada às 13h12]
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