Fonseca e Castro e Mário Machado detidos e libertados. Que se passou?

O líder do movimento de extrema-direita, Mário Machado, e o presidente do partido Ergue-te, Rui Fonseca e Castro, foram detidos, na sexta-feira, em Lisboa, enquanto milhares de pessoas celebravam o 25 de Abril, na capital. Tudo começou depois de uma manifestação, que tinha sido proibida, na quarta-feira, pela Polícia de Segurança Pública (PSP), que invocou questões de segurança, ter acontecido na mesma. Houve confrontos e feridos.

Apesar de a PSP ter emitido um "parecer negativo" às manifestações inicialmente agendadas para o Martim Moniz, na freguesia de Santa Maria Maior, com o objetivo de "garantir a ordem e tranquilidade públicas", na quinta-feira, Rui Fonseca e Castro garantia, num vídeo partilhado nas redes sociais, que o partido ia manifestar-se, na mesma, na sexta-feira.

Na mensagem, o líder do Ergue-te, anterior Partido Nacional Renovador (PNR), defendeu que, por se tratar de "um evento organizado por um partido político" inserido na campanha para as eleições de 18 de maio, "não pode ser proibido".

Na sexta-feira à tarde, a manifestação avançou, de forma ilegal, no Rossio, e o ex-juiz acabou detido pelo crime de desobediência, depois de não acatar a ordem para abandonar o local. "Só sairei daqui algemado", disse Fonseca e Castro, citado pela CNN Portugal, após ter sido alertado pelos agentes.

Momentos depois Fonseca e Castro acabou por entregar-se, criando momentos de tensão, o que exigiu a intervenção do dispositivo policial para conter a agitação. Nessa altura, mais de uma centena de apoiantes de grupos de extrema-direita como o Habeas Corpus e o 1143 gritaram: "Prendem um, prendem todos".

A seguir à detenção do líder do Ergue-te, a PSP deteve um outro homem por "resistência e coação", disse à Lusa fonte da autoridade, acrescentando que ambos foram levados para a esquadra.

À detenção de Rui Fonseca Castro seguiu-se também a detenção do líder do movimento 1143, Mário Machado, também na zona do Rossio, depois de se terem registado confrontos entre apoiantes dos grupos de extrema-direita e manifestantes anti-fascistas. Os confrontos físicos e arremesso de objetos, que incluíram garrafas de vidro, foram registados pelas 17h00 entre os grupos antagónicos.

Do lado dos movimentos Habeas Corpus e 1143 e do partido Ergue-te gritava-se "Salvação" enquanto do lado oposto ouvia-se "25 de Abril sempre, fascismo nunca mais".

Polícias ficaram com "ferimentos ligeiros"

Na sequência dos confrontos e detenções, dois agentes da PSP ficaram feridos. Um deles sofreu um ferimento no nariz, o outro na mão. Ao todo, houve três detenções e quatro pessoas identificadas.

Em declarações aos jornalistas, Iúri Rodrigues, comandante da 1.ª Divisão do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, adiantou que "dois polícias" sofreram "ferimentos ligeiros", mas tiveram de receber tratamento hospitalar por "algumas escoriações".

Segundo o responsável, as agressões ocorreram após a detenção do presidente do Ergue-te, Rui Fonseca e Castro, que foi detido por um crime de desobediência.

Fonseca e Castro e Mário Machado libertados

Algumas horas depois da detenção, o presidente do partido Ergue-te e o líder do movimento de extrema-direita acabaram por ser libertados, mas foram notificados para comparecer junto à autoridade judiciária competente na segunda-feira.

Fonte daquela força de segurança, contactada hoje pela Lusa, precisou que os detidos foram notificados para comparecer perante o MP da instância de Pequena Criminalidade para que este decida o seguimento a dar ao caso: arquivar, ordenar a abertura de uma investigação ou, por se tratar de crimes com pena máxima igual ou inferior a cinco anos, mandar os arguidos para julgamento sumário ou propor a suspensão provisória do processo.

De acordo com a PSP, o ex-juiz Rui Fonseca e Castro foi detido por desobediência. Já Mário Machado foi detido por "ameaça e coação a órgão de comunicação social". Um outro homem, de 43 anos, foi detido por resistência e coação.

Além das três detenções, quatro pessoas que "integravam a manifestação promovida e não autorizada no Largo de São Domingos" foram identificadas por "suspeita de envolvimento nos distúrbios".

Recorde-se que, inicialmente, a PSP tinha dado parecer positivo à concentração dos militantes de extrema-direita, mas, depois de ter conhecimento da realização de outras manifestações antagónicas para a mesma hora e local, decidiu fazer uma nova avaliação de risco.

Na nota divulgada na quinta-feira, a PSP sublinhou que, embora a Constituição preveja o direito de reunião e manifestação, o decreto-lei que o regulamenta estabelece que tal só é permitido "para fins não contrários à lei, à moral, aos direitos das pessoas singulares ou coletivas e à ordem e tranquilidade públicas".

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