Ativistas apresentam queixa contra "violência" de grupo de rapazes

Duas artistas e ativistas da associação cultural Sociedade das Primas apresentaram queixa contra um grupo de rapazes que as insultou, ameaçou e agrediu, de forma discriminatória, no Bairro Alto, em Lisboa, na noite do passado sábado.

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Lusa
02/05/2025 17:57 ‧ ontem por Lusa

País

Lisboa

A queixa por crimes contra a liberdade e a autodeterminação sexual foi formalizada na quarta-feira, na Polícia de Segurança Pública (PSP) de Lisboa, depois de, logo no próprio dia, Beatriz Teodósio e Fred Botta terem denunciado o caso a um agente da Policia Municipal que se encontrava na Rua da Rosa, no Bairro Alto, onde o incidente se verificou.

 

Esse agente identificou os jovens no local e notificou a ocorrência, que as queixosas validaram uns dias depois na PSP.

Em declarações à Lusa, a artista e ativista Beatriz Teodósio contou que estavam a caminho de casa, descendo "tranquilas" a Rua da Rosa, depois de terem assistido a eventos culturais diferentes na noite de sábado.

Porém, à passagem por um grupo de rapazes, foram alvo de insultos e ameaças. "Devias morrer", ouviu Fred Botta, artista 'queer' (pessoa que não se identifica com as normas tradicionais de género e que opta por uma identidade fluida e não binária), num grito acompanhado de empurrões.

Sentindo-se ameaçada, Beatriz reagiu, lançando água na direção do grupo. Um dos rapazes respondeu atirando-lhe uma cerveja à cara.

"Saímos dali e começámos a gritar 25 de Abril", relata, acrescentando que os jovens responderam com "Salazar".

Dezenas de pessoas presenciaram a cena, mas nenhuma fez nada. "Continuaram a fumar os seus cigarros e a beber as suas cervejas", lamentam, na publicação que fizeram na página de Instagram da Sociedade das Primas.

Mais abaixo na Rua da Rosa, encontraram um polícia, a quem contaram o que se havia passado e que acompanharam até ao grupo para proceder à identificação. Aí chegadas, instruídas pelo agente, seguiram caminho.

Foram para um bar de "gente amiga" no Bairro Alto, no qual os rapazes apareceram mais tarde, com "mais uns 10", para lhes pedirem "justificações" sobre terem apresentado queixa. "Sabem que isto é pior para vocês, não deviam ter feito isso", disse-lhes um.

Num ambiente "super intimidante", com referências ao partido Chega e aos incidentes que haviam acontecido no Largo de São Domingos, no dia 25 de Abril, entre apoiantes da extrema-direita (alguns dos quais foram detidos) e militantes antifascistas, Beatriz e Fred encontraram apoio nas pessoas que estavam na zona do bar, que se juntaram para afastar, com gritos, os rapazes do local.

"Tivemos que ir de carro para casa, porque não sentimos confiança para ir a pé. Isto é impensável para nós. No dia seguinte ao 25 de Abril, de repente, estávamos com medo de atravessar duas ruas", desabafa Beatriz, considerando que a sua liberdade foi "totalmente condicionada" e que foram alvo de "perseguição".

No Instagram, onde relatam terem sido "agredidas com ódio e violência na rua por jovens" rapazes, Beatriz e Fred reivindicam poder "sair à rua sem medo".

A publicação -- que já foi visualizada por quase 400 mil pessoas e partilhada por um milhar -- gerou "centenas de mensagens de apoio", num retorno "super acolhedor", agradece Beatriz.

Considerando que este tipo de agressores "partem de um lugar de impunidade", confiantes em que as suas ações passem "sem consequências", as duas artistas -- que integram o elenco do espetáculo "Mercado das madrugadas", de Patrícia Portela --, afirmam: "Temos de falar sobre como isto se passa todos os dias e como cada vez mais jovens se sentem legitimados para atacar outras pessoas porque estas são diferentes deles."

A Lusa questionou a PSP sobre o incidente em concreto e também sobre se há registo de outros casos semelhantes, mas até agora não obteve resposta.

Leia Também: Bruxelas apela à contenção após bombardeamento israelita a Damasco

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